Geral

O Jesus Trans de Johnny Hooker


08/08/2018

Foto: autor desconhecido.

O artista pernambucano Johnny Hooker impactou no último Festival de Inverno de Garanhuns, PE, durante um show, com declarações em que afirmou ser Jesus travesti, e incitou a plateia a um coro repetindo o refrão: ih, ih, ih, Jesus é travesti.

Iniciou sua fala colocando uma hipótese: “E se Jesus voltasse nos dias de hoje como uma travesti? Num é pra ser ame o próximo como a si mesmo? E disparou que estava ali no palco num falso viva a liberdade. Porque, liberdade pra quem? Liberdade pra quais corpos, corpos gays, lésbicos, transexuais, travestis? E concluiu afirmando que Jesus é transexual sim. Jesus é bicha sim, porra!” Mencionou também a fala da cantora Daniela Mercury que em show anterior fez um breve discurso dizendo que “Arte é pra livrar a cabeça da gente, de pensar merda”.

A polêmica de Hooker incendiou o festival e agitou as redes sociais com opiniões pró e contra a afirmativa do cantor. Grande número de comentários relatou falta de respeito do cantor com relação a crenças alheias, o direito daqueles que pensam diferentemente, ou que seguem religiões e são adeptos fiéis e se comportam com boa dose de purismo, medo do castigo eterno e dogmas.

Particularmente confesso que a chocante afirmativa de Hooker nos leva a refletir num campo bem mais amplo da imaginação, dos conflitos, dos questionamentos com relação aos seres humanos em evolução na experiência terrena. Vez por outra costumamos assistir questões de gênero, raça, cor. Logo, seria possível um Jesus negro, Jesus mulher, Jesus trans? Um Jesus imaculado, sem discriminar, sem fazer distinção? Será que esse Jesus não já teria passado por aqui?

Data de 1958, ou seja, mais de meio século que o médium espírita Francisco Cândido Xavier psicografou o livro Evolução em Dois Mundos, ditado pelo Espírito de Luz conhecido por nome André Luiz, que teria vivido e desencarnado como médico na cidade do Rio de Janeiro, partindo daí para aprimorar estudos referenciais que pudessem auxiliar as almas remanescentes, especialmente aqueles espíritos reencarnados na terra com objetivo de evoluir.  Pois bem, nesta obra fala da evolução biológica dos seres oferecendo admirável estudo científico, o desenvolvimento morfológico, havendo o homem passado pela experiência hermafrodita, em que corpos auto reproduzem-se; e só bilhões de anos após, teria a natureza destinado emancipar o ser humano classificando-o sob a divisão de gametas que determinam seres em machos e fêmeas.

Ainda aproveitando a literatura espírita, esta explica que é possível  espíritos reencarnarem em sucessivas vidas através de corpos masculinos, ou femininos, e eventualmente inverter esse posicionamento, logicamente trazendo em sua carga perispiritual, e subconsciente, fortes traços dos últimos perfis em que viveu, habitando aqui na terra, seja o corpo de homem ou mulher. Assim, justificando comportamentos de pessoas que não se adaptam a seus sexos, e fazem opção por mudança tornando mais confortável tanto o próprio corpo como o emocional.

Ainda, diante da variada opção de LGBT, teríamos a possibilidade de extensão de todo o alfabeto, possibilitando o ser humano ampliar sua capacidade de representação de diversas outras formas animais e inteligentes, sem esquecer que viemos de corpos primitivos, de seres que foram a cargo de bilhões de anos desenvolvendo formas e cérebros e vivem ainda sob os mistérios dessa composição de órgãos e centenas de milhões de células que nascem e morrem a cada segundo para se renovar.

Resta ainda muito a aprender sob o corpo animal do homem, da mulher, e suas demais determinações, como também sobre a vida espiritual, que seria a parte inteligente que aciona movimento e raciocínio para organização e influencia fluídica das vidas. Resta aprender sobre as emoções, de onde viemos, para onde vamos e o que estamos a fazer. Qual o verdadeiro objetivo da vida. Por enquanto o nosso é um aprendizado ainda muito pequeno e de acordo com a nossa capacidade de absorção das mensagens divinas.

De uma coisa a certeza: não estamos sós. Há forças ocultas direcionando no bom sentido. A hipótese de Hooker sem dúvida choca, mas por outro lado leva a questionar o papel individual de cada um e também quanto aquele ser que foi divisor de águas na história do mundo fazendo com que pensemos, antes e depois de Cristo, e como agiríamos se Ele hoje voltasse aqui…

Gil Sabino é jornalista e gestor de marketing. g.sabino@uol.com.br


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