Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O despertar de novos olhares


29/10/2016

Foto: autor desconhecido.

 

O acontecimento que mais preocupou a direita brasileira no momento foi o emocionante discurso da estudante Ana Júlia, proclamado na Assembleia Legislativa do Paraná. Embora nervosa, a garota foi convincente e segura nas suas afirmações, mostrando ao Brasil o pensamento crítico da juventude.

Fiquei emocionado ao assistir o vídeo. Orgulhoso e esperançoso de um futuro diferente para o nosso país. Uma voz quase infantil se impôs perante uma plateia formada por políticos profissionais. Ela nos faz crer que é possível realizar uma transformação cultural em nossa nação. Querem impedir os estudantes do exercício de reflexão das práticas políticas, sociais e culturais, mas ela reagiu, exemplarmente, demonstrando a capacidade dessa geração em debater temas que, muitos querem unicamente adequados aos adultos.

Foi o bastante para que os discordantes de sua opinião, sentindo-se atingidos de forma eficaz, reagissem, tentando desqualifica-la. Talvez envergonhados por verem seus conceitos confrontados tão sabiamente. Parte da imprensa comprometida com a política neo-liberal que vem se instalando no país, manifestou-se na intenção de querer minimizar os efeitos do seu brilhante pronunciamento. É sinal de que a repercussão foi estrondosa, calando os que insistem em desconsiderar a força da juventude brasileira.

Devem haver mais de mil Ana Júlias espalhadas por esse Brasil a dentro. E, por isso, estão fazendo o possível para que elas não apareçam, continuem desconhecidas, perdidas no anonimato. Ana Júlia representa o despertar de novos olhares. A consciência cívica de uma juventude que quer participar das discussões políticas que conduzirão nosso destino.

São jovens que não se intimidam no enfrentamento dos desafios que lhes são impostos. São garotos que querem compreender melhor o mundo, preparando-se para receberem a missão de dirigir o futuro. Conjugar racionalidade e sensibilidade na busca da construção de um novo tempo, mais justo, mais equânime, mais produtivo coletivamente. Eles querem ter uma escola multifocada, com uma visão de mundo mais integrada e abrangente, atenta para tudo o que acontece ao seu redor. Desejam assumir protagonismo na construção de nossa História. Não aceitam serem condicionados a uma educação que os deseja alienados, sem o direito de compartilharem do processo transformador que se faz necessário na atualidade.

Ana Júlia fez renascer as expectativas de que os jovens desta geração não abrem mão da oportunidade de proclamarem o seu pensamento crítico, repensando valores, expressando seu descontentamento quando algo é apresentado como danoso à sua formação cultural. Não admitem contrariar uma tradição histórica, que mostra na juventude a força propulsora dos grandes movimentos sociais de transformação no mundo inteiro. Os conservadores detestam quando uma Ana Júlia fala publicamente o que eles não querem ouvir e tentam proibir que a sociedade ouça verdades que eles se esforçam para ficarem omitidas. A voz dela ecoou forte, não só no Brasil, mas em todo o planeta, Salve Ana Júlia!!!

 


 


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