Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O curso de datilografia


02/06/2016

Foto: autor desconhecido.

 

A partir do final do século XX o verbo datilografar passou a ser substituído por digitar. É que as máquinas de escrever aos poucos foram deixadas de ser utilizadas, em razão do aparecimento dos computadores. Se perguntarmos a alguém da nova geração o que é datilografar aposto que terá dificuldades em responder. A modernidade pôs em desuso a máquina de datilografia.

Entretanto, antes da informatização, o curso de datilografia era uma referência importante em qualquer currículo que se apresentasse para candidatar-se a um emprego. Os concursos além de exigirem o certificado de que o candidato possuía o curso de datilografia, submetia-o a uma prova para avaliar a velocidade com que dominava a escrita datilográfica, como também a forma correta de escrever, com estética e o mínimo de erros possível. Quando fui Chefe do Departamento de Recursos Humanos do PARAIBAN comandei um processo seletivo em que a prova de datilografia era exigência. Lembro de que participei, junto à equipe responsável pela avaliação dos concorrentes, da correção de muitas dessas provas de datilografia, contabilizando quantos toques eram dados por minuto.

Minha mãe, com o objetivo de me preparar para a obtenção de algum emprego, matriculou-me numa escola de datilografia que existia próxima a um posto de serviços dos Correios, onde trabalhava. Nas imediações da Avenida ABC, em Jaguaribe. Ainda não existiam as máquinas eletrônicas. Eram máquinas pesadas, com teclas que necessitavam toques mais firmes para fixar as letras no papel. Mas cumpri minha tarefa, obtive o tão desejado certificado de conclusão do curso de datilografia. Estava pronto para entrar no mercado de trabalho.

Usar as máquinas de datilografia demandava alguns esforços que o computador dispensou. A cada linha escrita teríamos que movimentar o carro da máquina para voltar ao início da próxima. Se quiséssemos datilografar algo com cópias, colocávamos mais de uma folha de papel intercalada por carbonos (muita gente deve desconhecer o que seja isso). Para corrigir eventuais erros se usava o corretivo.

O bom datilógrafo era aquele que teclava com todos os dedos, sem a preocupação de olhar para a máquina. Quem conseguia datilografar cem palavras por minuto estava credenciado a uma boa posição em qualquer emprego.

Pertenci então à era do curso de datilografia.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.
 


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