Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O comportamento político da nova classe média brasileira


01/09/2011

Foto: autor desconhecido.

Nos últimos cinco anos foi aberta no Brasil a porta da ascenção social. Assistimos a ocorrência de um interessante fenômeno sociológico. Tivemos uma extraordinária mudança no perfil sócio-econômico do país. Famílias com renda entre três e dez salários mínimos passam a ser mais da metade da nossa população economicamente ativa. Isso representa dizer que temos uma nova classe média brasileira. Agora majoritária ela redefine o comportamento social, político e econômico do país.

Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas mais de vinte milhões de brasileiros, nos últimos cinco anos, deslocaram-se na pirâmide social, experimentando uma melhoria de vida e passando a usufruir de vários confortos típicos da classe média. Essa elevação social contribui para uma maior expansão da economia nacional, movimentando o mercado consumidor.

A emergência de uma nova classe média resulta de fatores como: o aumento do salário mínimo, o controle da inflação, geração de empregos e benefícios sociais. As políticas de inclusão social do governo Lula foram determinantes para que grande parte da população brasileira se enquadrasse nesse novo patamar de classificação. Temos agora uma nova classe média ávida pelo consumo mais qualificado, passando a ter um novo padrão de vida, buscando acesso a novos produtos, serviços e bens imobiliários, antes inteiramente dificultado. Esse consumidor, no entanto, está mais preocupado com conforto do que status.

Essa classe média, antes marginalizada social e tecnologicamente, passa a exercer fundamental importância no processo político nacional, não só por sua condição de maioria da população, mas pelas ansiedades que poderão nortear suas preferências eleitorais quando da escolha dos seus governantes. A preocupação desses eleitores é com a garantia de manutenção de sua mobilidade social. Não colocar em risco as condições favoráveis à expansão do seu poder econômico conquistada recentemente. De certa forma consideram-se mais livres, autônomos, e desobrigados de compromissos com o caciquismo político. Querem uma administração pública que ofereça eficiência dos serviços públicos nas áreas de educação, saúde e segurança. Exigem dos candidatos programas de governo que mantenham o acesso mais fácil ao crédito, à moradia e á escola. Temem a perda de emprego, trabalho e renda crescente.

Esse eleitorado, portanto, não se manifesta por fundamentos ideológicos. Faz sua opção de forma pragmática, pensando na manutenção do seu “status quo”, reagindo contrariamente aos discursos que apontem ruptura da política econômica e social vigente.

Os marqueteiros e os agentes políticos têm que repensar suas práticas e mensagens de convencimento desse eleitorado.


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