Ramalho Leite

Jornalista, escritor e historiador.

Cultura

O centenário da estação


18/01/2025

Quando o ministro da Viação e Obras Públicas de Epitácio Pessoa mandou publicar no Diário Oficial de 30 de janeiro de 1920 a nomeação do engenheiro João Botinas para engenheiro chefe das obras ferroviárias entre Independência e Picuhy, na Parahyba do Norte, era a certeza de que o presidente Solon de Lucena fora ouvido. Teriam prosseguimento as obras ferroviárias, agora arroladas nas Obras Contra as Secas, incluindo o Túnel da Serra da Viração.

O presidente Solon, para contrariar seu cunhado Celso Cirne, ex-deputado e genro do comendador Felinto Rocha (maior coronel da região) que fizera um projeto para o trem chegar na Vila de Moreno (Solânea) sem passar por Bananeiras, proclamou: “O trem chegará a Bananeiras, nem que seja por debaixo da terra”.

O jornal O Norte, de 25 de outubro de 1922 nos fornece a certidão das promessas cumpridas: Alvaro Carvalho, secretário de Estado e representando o Presidente chega a Borborema no comboio puxado pela locomotiva 197 da Great Western para o inaugurar o trecho ferroviário entre Borborema e a Boca do Túnel em construção. Desde 1913 que Boa Vista (Borborema) era a parada final do trem que antes de chegar ao povoado bananeirense passava pelo túnel da Serra da Samambaia, o primeiro a ser construída na Paraíba e que, curiosamente, faz uma curva no seu percurso.

A estação de Bananeiras em 1922 já estava praticamente pronta. Faltava a conclusão do túnel da Viração, para ser liberado o acesso ao trem de passageiros. A União de 27 de julho de 1923 noticiou que o túnel já estava concluído e por ele passara a primeira locomotiva para alegria do presidente Solon, que recebeu a noticia com grande satisfação, relata o jornal. Finalmente, em 30 de julho de 1925 a estação de Bananeiras foi oficialmente inaugurada e o povo pode ver “o gigante de ferro soltando fumaça pelas ventas”. As atividades do transporte de passageiros e cargas pelo trem, durou até 1967, quando o ministro Juarez Távora convenceu o presidente Castelo Branco a desativar os “ramais ferroviários deficitários.”

Para substituir a ferrovia surgiria uma rodovia asfaltada, compensando a ausência do trem. Todavia, a rodovia foi desviada para Rua Nova/Bananeiras, por onde nunca passou o trem. E Borborema perdeu o trem e ficou isolada. Nem estrada de ferro nem asfaltada. Só de barro. O governador José Maranhão ligou aquela estrada a Borborema tirando-a do isolamento. Faltava a sua ligação antiga, com Pirpirituba e Guarabira, por onde passava o trem.

Com alegria vejo na relação das obras a serem construídas pelo governador João Azevedo, o trecho rodoviário entre Pirpirituba, Cachoeira do Roncador e Borborema. Meu pai deve ter se mexido no túmulo. Depois de quase sessenta anos, o protesto do prefeito Arlindo Ramalho foi ouvido. Sua voz já apagada se junta à minha, como deputado e filho da terra, à luta da ex-prefeita Gilene Candido e a do atual prefeito José Amancio e seus representantes no legislativo onde se inclui o deputado/secretario Wilson Filho. Ao projetar realizar essa obra, o governador João Azevedo corrige uma injustiça perpetrada contra o povo de Borborema e restaura o caminho da ferrovia que fora fechada pela incompetência de muitos.


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