Poderia começar esse texto, falando do privilégio de tê-lo conhecido e de fazer parte da sua extensa lista de amigos que não para de crescer.

Ou enaltecendo a humildade que lhe faz duvidar das reais dimensões de sua existência e de sua obra.

Prefiro porém me ater ao orgulho de poder contribuir com o meu trabalho, para apresentar ao mundo um retrato fiel da sua capacidade de entender a vida ao seu redor e traduzir essa percepção com rara maestria para todas as gerações.

Essa sim, é a maior recompensa para um fã, que durante muito tempo bebeu da fonte de suas crônicas e se embriagou com elas.

Que priva de sua amizade e companhia, e pôde compartilhar durante todo esse tempo as ideias e conhecimentos reservados aos luminares e pensadores da humanidade.

E isso com muito talento e pouca instrução. Com pouca saúde e muita disposição. Muita política e pouca concessão. Quase nenhuma.

A exceção foi José Américo de Almeida, que lhe livrou da prisão iminente nos tempos da ditadura militar, e a quem saudou no teatro Santa Roza, quando de sua eleição para a Academia Brasileira de Letras.

Senhor da razão, continua lúcido e fiel aos seus princípios. Espiritualista, quase vestiu a batina para realizar um sonho de sua mãe, a quem deve muito do seu aprendizado. Anos mais tarde retribuiu parte dessa dívida, alfabetizando os enfermos do sanatório, entre eles um assassino confesso, colegas de infortúnio dos seus tempos de tuberculose.

Hoje, vencido em parte pelo tempo, pouco escuta mas a tudo vê. O sol ainda é o mesmo e continua a nascer primeiro. As matas continuam verdes e o rios seguem seus percursos até o encontro com o mar.

E ninguém se perde na volta, como bem disse seu amigo solitário de Tambaú.

Como o rei do baião também se chama Luiz. E tem Gonzaga no sobrenome. Luiz Gonzaga Rodrigues é o seu nome completo.

Autodidata e Doutor Honoris Causa. Nativo da Paraíba e cidadão do mundo.