Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O ativismo “black bloc”


26/05/2017

Foto: autor desconhecido.

 

Impressionante como esses grupos de ativistas que agem nas manifestações de rua, conseguem ganhar a atenção principal da grande mídia por ocasião dos atos de protestos. Eles aproveitam-se da oportunidade de grandes aglomerações para aplicarem suas táticas de violência, buscando intencionalmente provocar a repressão policial, na certeza de que passarão a ser o foco do noticiário, em desfavor do verdadeiro conteúdo reivindicatório dos movimentos de contestação política.

Ninguém de bom senso pode acreditar que parta dos organizadores de qualquer ato público de protesto, a orientação para a depredação e a desordem, colocando em risco a integridade física dos que participam da manifestação. São indivíduos infiltrados na multidão, de forma organizada, para incitarem a violência. Esses deploráveis acontecimentos só prejudicam os que, pacificamente, desejam entoar seu grito de protesto em praça pública, e oferecem discurso acusatório para os repressores. Muitos se inibem de participação em outros eventos com receio de saírem machucados ou serem confundidos com os desordeiros.

Os “Black blocs” surgiram no início da década de oitenta na Alemanha, mas têm atuado no Brasil desde 2013, quando morreu, vítima de uma bomba, um cinegrafista em São Paulo, e durante os protestos contra a Copa do Mundo em 2014. Seja qual for a bandeira de luta da manifestação, eles se fazem presentes unicamente com o objetivo de causar confusão, partindo para a destruição da propriedade privada e do patrimônio público. São “anarquistas” por natureza. Não têm compromisso com a motivação do protesto, o interesse deles é chamar a atenção para suas ações intimidatórias e de ameaças à ordem pública. E têm conseguido sucesso nesse propósito.

Usam máscaras para não serem identificados. Quem vai a um ato público de protesto com boas intenções não esconde o rosto. Os que se escondem no anonimato são marginais, arruaceiros, nunca poderão ser considerados manifestantes, no bom sentido da expressão. A eles pouco interessa solidarizar-se com o pensamento reivindicatório da maioria. Antes, pelo contrário, querem mostrar força, mesmo que impondo a violência como marca de sua atuação.

É lamentável que isso esteja acontecendo. O interessante é que as organizações de polícia conhecem bem o modo de agir desses “bandidos”, e conseguem com facilidade identifica-los entre a multidão, mas preferem entrar no jogo do confronto, aceitando a provocação, gerando o clima de terror que termina sendo a principal matéria para o jornalismo sensacionalista irresponsável. As lideranças desses movimentos mostram-se incompetentes por não se preparar para essas intervenções alheias às causas que defendem, permitindo o discurso de que são coniventes com a baderna. E o povo de boa fé e necessitado de bradar publicamente suas insatisfações e seus anseios é que fica prejudicado.

 


 


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