Adelino Moreira, português de nascimento, mas morando no Brasil desde a infância, era o compositor das canções de Nelson Gonçalves, de quem passou um tempo afastado. Em 1960 compôs o samba canção “Negue”, em parceria com Enzo Moreira Passos. Foi originalmente interpretada por Carlos Augusto, mas foi regravada por vários grandes nomes da música brasileira, entre eles Agostinho dos Santos, Cauby Peixoto e Maria Bethânia. Na letra a manifestação de tristeza do “eu lírico” ao saber que seu antigo amor teima em negar a história romântica que viveram.

“Negue o seu amor, o seu carinho/diga que você já me esqueceu/pise machucando com jeitinho/esse coração que ainda é seu”. O sentimento de rejeição é declaradamente doloroso para ele. A recusa de manter o envolvimento amoroso em que estavam vivendo, deixa o “eu lírico” em situação de sofrimento. No entanto, afirma que mesmo ela o machucando, magoando com sua indiferença, continua preso à paixão que domina seu coração.

“Diga que o meu pranto é covardia/mas não esqueça que você/foi minha um dia”. Sabe que ela ignora seus lamentos e diz que são lágrimas de um covarde. Mas há algo que ela nunca pode desmentir, o fato de que foi dele um dia. No passado ela lhe pertenceu, e isso não pode deixar de reconhecer.

“Diga que já não me quer/negue que me pertenceu/que eu mostro a boca molhada/e ainda marcada pelo beijo seu”. Na insistência de querer manter viva essa história de amor, manda o recado de que, embora ela não o queira mais, haverá de admitir que compartilharam momentos de pleno prazer sentimental, na troca de carícias e de beijos. Foram gestos de carinho e de desejos que deixaram marcas difíceis de serem apagadas.

• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”