Alberto Arcela

Publicitário e jornalista

Sociedade

Nas ondas do rádio


25/05/2024

Foi onde tudo começou para mim, e por isso tenho um carinho todo especial por esse veiculo de comunicação chamado rádio, onde dei os primeiros passos e também cometi os primeiros erros da minha jornada dia e noite adentro.

Com a derrocada da imprensa escrita e o surgimento dos canais de streaming, nos dias de hoje ele curiosamente passou a ser uma espécie de piece de resistance dos sistemas, com um bom custo benefício e preços atrativos para o mercado.

A plataforma também encontrou fôlego para criar outros formatos e a essa transmissão tradicional, se juntou o podcast que por uns tempos andou em baixa, mas que soube se reinventar com a segmentação.

Só isso seria capaz de explicar uma transmissão de três horas ininterruptas, versando sobre o mesmo tema e falando para as mesmas pessoas, como acontece com os programas voltados para o público dos condomínios.

Mas, o fato é que a importância desse mercado deve ser mesmo muito grande. Ao ponto de promover uma guerra de informações na busca pela audiência de todas as classes sociais, como vimos recentemente após a divulgação da mais recente pesquisa do Ibope.

Só faltou sair tapa, como se diz comumente, mas uma coisa é certa. O ouvinte, no sentido mais literal da palavra, não entendeu nada. E para complicar ainda mais essa análise, o pessoal do marketing se valeu dos mais variados artifícios para entornar o caldo.

Conhecemos assim o programa que é primeiro lugar no segmento policial e o primeiro no jornalismo puro e simples. Cada um com o seu valor e cada um na sua. Até mesmo porque temos um bom plantel de emissoras, que têm de se virar nos 30 para enfrentar gigantes do entretenimento, a exemplo do YouTube e Spotify e a responsabilidade de entregar o que as pessoas querem ouvir de fato.

De modo que me emocionei com a reação de alguns desses profissionais, como Linda Carvalho, ao divulgar o seu ponto de vista e a sua interpretação dos dados da pesquisa.

Mais que o balanço do programa e a beleza da apresentadora, o que se viu ali foi um grito parado no ar, como na peça magistral de Guarnieri.

Principalmente, porque o que está em jogo nessa guerra é a sobrevivência dessas estações, onde se mandam notícias do mundo de lá e também do mundo de cá.

A mesma resistência que se vê nas salas de cinema e de teatro, que traduz a contento o passado, o presente e o futuro. São tempos que precisam ser alinhados, na verdade, para que a roda viva e vá se adaptando e que também nunca pare.

Entendi isso a contento nos meus dez anos em que estive na linha de frente da rádio, ora por trás do microfone, ora na frente do público, que só existia muitas das vezes na minha imaginação.

A equipe já não é a mesma, mas o espírito e o propósito são iguais. Por isso, não existem vencedores e muito menos perdedores nessa disputa.

Somos iguais nessa luta, caminhando, cantando e seguindo a canção.

Viva o rádio, portanto. Mesmo que ele seja atividade, pirata ou amador.

O show não pode parar.


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