Política
Não existe neutralidade na política
16/10/2024

Lideranças da política paraibana que costumam se afirmar como sendo de esquerda têm assumido uma posição um tanto contraditória na eleição para prefeito de João Pessoa no segundo turno. Seus interesses pessoais colidem com as declaradas convicções ideologicas. Demonstram claramente que buscam uma opção de sobrevivência. A manifestação de neutralidade termina por se inclinar em apoio às pautas de retrocesso que a extrema direita defende.
Quando um agente político se apresenta como “neutro” numa disputa eleitoral, deixa evidente uma postura de indiferença que permite os radicais da direita ganharem espaço de poder, contribuindo, assim, com a manutenção das desigualdades sociais e as injustiças. Essa “neutralidade” jamais pode ser entendida como uma atitude pragmática. Está muito mais próxima de um comportamento de alienação. Afinal de contas os alienados não se constrangem em abrir mão da capacidade de pensar e de agir, e escolhem o caminho adequado às suas conveniências de ordem pessoal.
A política do oportunismo tão bem praticada pelos que estiveram governando o país nos seis anos que antecederam à eleição de Lula para a presidência da República, só ganha força com a abstenção dessas figuras que se travestem de esquerdistas, no processo eleitoral que se findará no próximo dia 27. A extrema direita está representada de forma explícita por um candidato que integrou o governo passado. Se omitir na escolha do futuro prefeito, por razões pessoais, é rejeitar a própria identificação ideológica de esquerda.
É sobre isso que precisamos refletir. A apatia como forma consciente de fugir do debate político que se faz necessário, pode até ser considerada como um ato de covardia. Na política não existe neutralidade. Desconhecer isso é colocar-se em apoio ao neoliberalismo alinhado ao autoritarismo. Ainda que a “neutralidade” seja um direito, com certeza, não é um bom caminho quando vislumbramos ameaças de um futuro aterrador a que temos obrigação de evitar. Então, não é responsável, nem justo, se expressar neutro nesse embate eleitoral. A hora é de definição no sentido de votar exercitando a escolha do melhor para o bem coletivo, repelindo o conservadorismo pregado pelos fundamentalistas, o negacionismo histórico e científico, o discurso antidemocracia. Quem defende a transformação social por meio da ampliação dos direitos civis, do reconhecimento das identidades e da inclusão social por meio da distribuição da renda, vota em candidatos comprometidos com essas bandeiras. A neutralidade não pode prevalecer nessas ocasiões.
O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.