Geral
“Não deixe o samba morrer”
12/01/2014
Foto: autor desconhecido.
O samba é um ritmo genuinamente brasileiro, integra o nosso patrimônio cultural. “Não deixe o samba morrer” é a defesa do gênero musical mais apreciado no Brasil, a nossa marca registrada. Foi gravada em 1975, na voz de Alcione, e composta por Edson Conceição e Aluisio.
“Eu vou ficar/No meio do povo/Espiando/Minha escola perdendo ou ganhando/Mais um carnaval”. O “eu lírico”, pelo que dá a entender a letra da música, é um integrante tradicional das escolas de samba do carnaval carioca. Antecipando o tempo em que não mais estará na avenida, ele afirma que jamais abandonará o samba, estará no meio do povo aplaudindo o desfile de sua escola, em qualquer circunstância, perdendo ou ganhando, em todos os carnavais.
“Antes de me despedir/Deixo ao sambista mais novo/O meu pedido final”. Assume o compromisso de, no momento em que não puder mais desfilar na avenida, transmitir ao “sambista mais novo”, um pedido de alguém que tem o samba no coração e na alma. Quer chamar à responsabilidade o fato de ser um promotor desse nosso valor cultural e que precisa ter continuidade, um legado de geração para geração.
“Não deixa o samba morrer/Não deixa o samba acabar/O morro foi feito de samba/De samba pra gente sambar”. O bom e verdadeiro sambista tem a obrigação de não deixar que o samba morra, desapareça, acabe. Até porque muitos dos brasileiros fazem do seu canto e de sua dança a alegria de viver. O morro, local onde o samba tem origem, tem sua vida integrada na manifestação desse ritmo. Há uma participação coletiva quase que única entre seus moradores. Lá todo mundo tem o amor ao samba firme no coração. Quem não tem o “samba no pé” é considerado um estranho.
“Quando eu não puder pisar mais na avenida/Quando as minhas pernas não puderem aguentar/Levar meu corpo, junto com meu samba/O meu anel de bamba, entrego a quem mereça usar”. O peso da idade um dia fará com que suas pernas já não acompanhem o ritmo do samba, será a hora da despedida, da aposentadoria como sambista. Claro que com tristeza se verá impedido de “pisar na avenida”. Mas fará a sua parte na missão de fazer com que o samba não morra, entregará seu “anel de bamba” a outro, mais jovem, que possa efetivamente honrar esse legado.
• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.
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