Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Saúde

Mensagem aos companheiros de minha geração


22/03/2020

Tenho visto no noticiário da TV que tem idosos resistindo à quarentena recomendada para evitar a contaminação do coronavírus, sem tomarem consciência de que são os mais vulneráveis. Muitos ainda se acham no direito de dar umas voltinhas pelas ruas. São os velhinhos rebeldes, até parece que ainda estão na adolescência. Na condição de ancião, eu desde domingo não saio de casa, obedecendo rigorosamente a orientação de ficar em isolamento social. Convicto de que todo cuidado é pouco.

Conclamo, portanto, aos meus companheiros de geração a adotarem igual comportamento. Não percamos a lucidez, para nos mantermos física e mentalmente saudáveis. Não nos permitamos ser convencidos pelos que insistem em dizer que essa doença não passa de uma “gripezinha”. A situação é muito séria para a encararmos com desdém.

Porém, precisamos mantermos-nos movimentando como se estivéssemos fora de casa, mesmo que confinados ao espaço restrito de nossa residência. Criemos oportunidades para nos distrairmos, lermos, escutarmos músicas, assistirmos filmes, exercitarmos a mente. A internet nos ajudará a fazer isso. Opções não faltam para vencermos o tédio. Podemos, inclusive, trabalhar em casa.

A saudade dos netos e filhos será temporariamente vencida pelas comunicação virtual, usando computadores e aparelhos celulares. Eles diminuem distâncias físicas e mantêm aproximadas pessoas que se amam. Todavia, não nos esquecer de gerenciarmos a recepção de informações, cuidando em filtrar e analisar o noticiário que nos é oferecido, para que não entremos num clima de estresse e ansiedade. Afastemo-nos das preocupações e vençamos o medo.

Estabeleçamos um ócio criativo. Organizar a rotina favorece nosso psicológico. Escolhamos fazer aquilo que gostamos. Evitemos que as incertezas mexam com nosso emocional. Tomar uma cervejinha, um uísque, um bom vinho, com moderação, contribui para que nos sintamos como se a vida não tivesse sofrido mudança em razão do necessário isolamento. O sentimento de solidão jamais deverá nos dominar. Importante não nos afastarmos dos amigos do cotidiano, ligando para eles diariamente, atualizando os assuntos que costumávamos conversar nas mesas de um bar ou nos cafés dos shoppings.

Tenhamos cuidado com os efeitos colaterais do isolamento. Coloquemos na cabeça que isso tem um começo e um fim. E, se formos disciplinados, atravessaremos essa tempestade ilesos. Confiemos nas autoridades e nas informações sociais, quando percebidas que são sensatas. Sejamos racionais e responsáveis, pensando em nós mesmos, mas também nos nossos familiares e na sociedade a que estejamos integrados. Dediquemos tempo para refletir, olharmos para dentro de nós mesmos. Valorizemos a responsabilidade social.

Acreditem, vamos vencer a crise. Afinal de contas, se chegamos a essa idade, é porque somos guerreiros e vitoriosos. Sejamos solidários sempre, até que a tormenta passe. Tiremos desse estado de eventual aflição, lição para continuarmos vencendo o tempo que Deus nos conceder.

Rui Leitão


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