Geral
“MANDA QUEM PODE, OBEDECE QUEM TEM JUIZO”
06/06/2013
Foto: autor desconhecido.
Toda expressão popular tem um fundo de verdade. É a experiência de vida que define essas manifestações de sabedoria do povo. Todavia não quer dizer que são absolutamente certas. Algumas merecem melhor reflexão e também contestações. Ou pelo menos cuidado na observação do que determinam.
É o caso desse ditado popular “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Se o tomarmos ao pé da letra, admitiríamos que toda ordem deveria ser obedecida sem qualquer questionamento. Isso é subserviência, submissão. A frase transformada em ditado popular procura, de certa forma, enfatizar o exercício do poder de mando e da força do autoritarismo. É como se fosse uma advertência.
Claro que quem tem juízo deve ter a consciência da disciplina hierárquica, compreender bem a definição do princípio de autoridade. Infringir esse entendimento é insubordinação.
Mas precisamos saber distinguir até onde vão os limites do “poder de mandar” e do “dever de obedecer”. Mandar não é subalternizar, escravizar, humilhar. Obedecer não é submeter-se passivamente a tudo que lhe é ordenado.
Tudo depende da forma como esses procedimentos são postos em prática. O mandante tem que saber se impor como líder e chefe, e o subordinado também se portar com dignidade no cumprimento das tarefas a que lhe são determinadas. Obedecer cegamente a qualquer ordem, ao contrário do que define o adágio popular, é que pode ser considerado como falta de juízo. Faz-se necessário, muitas vezes, questionar a determinação superior, sem, contudo, ferir os conceitos de autoridade.
No linguajar popular o ditado “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, tem o sentido de chamar a atenção para a força do “mandonismo”, um alerta para os riscos de enfrentar os poderosos. Não pode ser confundido, no entanto, como aconselhamento para a subserviência burra.
* Integra a coletânea de textos que intitulei REFLETINDO A SABEDORIA POPULAR (ditados e provérbios)”.
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