Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Política

Lula presidente: prioridade estadual e nacional?


09/03/2022

(Foto: reprodução/Twitter)

Há quem pense que o eleitor brasileiro enlouqueceu ou, ao contrário, recuperou a lucidez! O fato é que, à luz das pesquisas de opinião pública, tem-se um quadro instigante sobre as eleições do país deste ano para presidente, governadores, senadores e deputados. Destacam-se nessas enquetes revelações democráticas consistentes com as seguintes afirmações:

  • No campo ideológico, sociopolítico e teórico-filosófico, o Brasil se revela pró centro-esquerda, o que poderia fundamentar seu projeto de recuperação socioeconômica;
  • Lula é considerado capaz de liderar o processo de reconstrução da deteriorada vida socioeconômica e política do país e favoritíssimo a ser eleito presidente da República.

Mas pesquisas são indícios pré-eleições. Estas são quem vão efetivamente decidir, no mês de outubro. Assim também entendem Lula e o PT nacional que, em prudente aversão ao já ganhou, procuram alianças além das esquerdas, inclusive compondo chapa com um vice-presidente do Centro-Direita. Enfim é preciso ter votos sufragados!

A Paraíba apresenta um cenário político favorável a Lula. Se a prioridade é elegê-lo, o foco dos partidos apoiadores é trazer votos para esse fim. Há uma equação de solução exequível, a partir dos PSB, PC do B, PV, REDE, PT(72%), sob a coordenação do governador João Azevêdo, capaz de formar um Palanque promissor ao presidenciável petista.

Esse suporte político tem coerência, afinidade, dedicação e pode e deve alargar, com outros partidos, a capacidade efetiva de voto. Para isso, conta com a força forte da atuação do atual governador do Estado, candidato à reeleição pelo PSB. Consolida-se-ar, assim, uma formidável base operacional com significativa agregação de votos à candidatura de Lula.

A ajuda dessa base pode assegurar a vitória de Lula na Paraíba com larga margem. Há suficientes razões: a) eficiência político-eleitoral dos partidos que a formam, b) apoio de um governador estadual cuja gestão é muito bem avaliada pela população e lidera com folga as intenções de votos à sua reeleição, coligado com aproximadamente 140 prefeitos.

Discute-se, também, na Paraíba, outra base de apoio a Lula, porém mais orientada por interesses basicamente locais. O que, de saída, é uma flagrante contradição com o mandamento político maior da questão: prioridade à eleição de Lula Presidente que, para quem o apoia, tem status de necessidade histórica nacional.

Esse arranjo tem dois lideres: Ricardo Coutinho candidato a Senador e Veneziano Vital do Rego a governador. Não se trata aqui dos personagens em si, mas sim da estratégia. Isso traz votos à candidatura de Lula? Ricardo é do PT/PB, mas conta com 28% de apoio deste. Veneziano é do MDB, que tem candidatura própria à presidência da República. Ora, esse partido não consegue 1% de intenções de votos à sua candidata, imagine para Lula?

Veja-se o peso eleitoral de Ricardo: Em 2012, governador do Estado, apoiou Estela Izabel para prefeita de J.Pessoa,  que ficou em 3o lugar com 20% dos votos. Em 2016, ainda governador, apoiou Cida Ramos para prefeita de J. Pessoa, derrotada com 33 dos votos. Em 2020, ele mesmo tentou ser prefeito de J.Pessoa e ficou em 6o lugar, com 11% dos votos.

Como se vê, é possível ter, na Paraíba, uma base política com os partidos PSB, PC do B, PV, REDE, PT (72%) e outros, sob o comando do governador João Azevêdo, para servir ao Processo-Movimento Lula Presidente, com muitos votos e capacidade operacional. A outra pretensa base, liderada por Ricardo Coutinho e o Senador Veneziano, tem frágeis condições partidárias e pouca capacidade de ação e conquista de votos. Além disso, entra no processo Lula Presidente muito mais para dele se servir política e eleitoralmente, e não o contrário.


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