O Brasil recuperou o prestígio global na oportunidade em que o presidente Lula proferiu o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, nesta semana. Nosso país voltou a falar para o mundo, despertando atenção da mídia internacional, pela forma como abordou temas de relevância que preocupam o planeta. Foi competente, corajoso e didático. Despertou em todos nós um orgulho patriótico que estávamos desacostumados a sentir.

Denunciou a desigualdade social e a fome que penalizam cerca de 735 milhões de pessoas, resultando de uma concentração de renda que faz com que os 10 maiores bilionários possuam mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade. Falou sobre questões climáticas. Criticou a governança global e a estrutura da ONU que exclui os países do Sul Global nas suas decisões, defendendo, inclusive, a ampliação do seu Conselho de Segurança. Não poupou censuras ao embargo comercial que os Estados Unidos impõem a Cuba, diante do presidente norte americano. Defendeu a liberdade de imprensa, registrando a prisão injusta do jornalista Assange. Relatou, da tribuna, que as instituições brasileiras foram responsáveis por salvar a nossa democracia, evitando um golpe de Estado que estava sendo articulado pela extrema direita e os vocacionados para a tirania.

“O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias. Seu legado é uma massa de deserdados e excluídos. Em meio aos seus escombros, surgem aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas”. Foi cirúrgico, preciso, implacável.

Por sete vezes, seu discurso foi interrompido por aplausos do plenário, numa demonstração clara de que estava aproveitando bem a chance de recuperar o respeito da comunidade internacional pelo Brasil. Sua voz se manteve independente, altiva e propositiva. Porém, a imprensa corporativa nacional, envergonhada, foi tímida na expressão de elogios ao discurso histórico pronunciado. O jornalismo de direita se viu numa situação de embaraço, sem encontrar razões para questionar a fala do presidente. Lula continua surpreendendo e deixando atônitos os que ficam na torcida para que ele não obtenha sucesso na sua empreitada democrática de bem governar o Brasil, sendo reverenciado pelas principais lideranças políticas do planeta.

Ali estava alguém que se afirmou com um dos principais líderes do cenário mundial da atualidade. Postura de estadista. O planeta viu o Brasil retornar ao lugar de destaque internacional. O orador que todos ouviam respeitosamente, poucos anos atrás era apresentado pela mídia conservadora nacional, como um político morto. Provou que estivera como vítima de uma farsa judicial que desejava, eliminando-o da atividade política, trazer o Brasil de volta aos tempos da ditadura militar. Perderam. E vão continuar perdendo. Como a ave lendária da mitologia grega, a “fênix”, ele renasceu das cinzas, porque possui uma biografia que lhe dá autoridade para falar em nome do Brasil da democracia que o fez presidente da República pela terceira vez.