Geral
Jogo perigoso em João Pessoa
16/03/2007
Foto: autor desconhecido.
SALVADOR – As declarações produzidas no meio da manhã desta sexta-feira pelo prefeito Ricardo Coutinho acusando o senador Cícero Lucena e vereadores aliados como responsáveis pela incitação à violência registrada na capital redundando, recentemente, em atentado (tiros mesmo) contra a Secretária da Saúde, Roseana Meira, só aumentou o clima de incitamento com parte dos vereadores e ciceristas projetando um cenário de alta preocupação.
Antes de entrar no mérito em si do debate violento que se trava leve-se em conta que, no decorrer da tarde, a manifestação dos vereadores Severino Paiva e Aníbal Marcolino em contra-carga no mesmo tom na direção de RC só fez piorar o clima e situação.
Há, na verdade, um quadro em que partidários dos dois esquemas políticos agora sim se posicionam instigados ao confronto físico mesmo algo inimaginável para os tempos de hoje na disputa política da Capital gerando projeções altamente preocupantes na sociedade.
Se reparar direito, os casos dos agentes de saúde, como dos ambulantes ano passado e tantos outros têm contornos de origem comum, que é a crise de relacionamento com a prefeitura em face de medidas amargas tomadas pelo prefeito antes aliado e instigador de situações irregulares e hoje, no exercício da prefeitura, resolveu adotar acertadamente consertos na vida pública local mas porque ele tinha uma posição diferente quando Oposição agora enfrenta a retaliação de ex-aliados de lutas.
No bojo dessa questão existem outros valores que servem de estopim, aí sim de adversários do prefeito, que se misturam na multidão dos insultos levando a crer serem todos monitorados por Cícero quando necessariamente isso pode não estar acontecendo da forma imaginada.
Guardadas as proporções, RC está fazendo em João Pessoa o que João Paulo no Recife teve coragem de produzir em casos como o das Kombi mandando evacuar e impedir o trânsito pelas ruas do Recife. Engraçado (para não dizer contraditório) é que os ex-aliados de João Paulo se revoltaram mas como as medidas foram acertadas em favor da maioria da sociedade recifense, resultado a classe média para cima resolver reconhecer a atitude do prefeito reelegendo-o.
No caso agora de João Pessoa, existem dados perigosos porque é inimaginável nem se admite que em nome de qualquer disputa se tente contra a vida de uma pessoa, sobretudo, um representante formal de Governo em sua missão difícil de implementar mudanças numa área viciada e tomada de esquema desonestos.
Isso, entretanto, não exime o prefeito de ser mais tolerante no diálogo e treinar mais seus ouvidos para ouvir o que não quer até porque ele não é dono absoluto da verdade.
Em síntese, mesmo com esses dados em seu favor, RC precisa rever seu posicionamento de instigar a sociedade contra os vereadores e Cícero, a não ser que disponha de provas incontestáveis de que são mesmo esses personagens os responsáveis pelas crises e enfrentamentos (violência) registrados nas plenárias dos bairros.
Em qualquer caso, recomenda-se mais bom senso entre as partes, se possível ainda na base do diálogo mínimo porque, do contrário, o clima tenderá a se aproximar cada vez mais do imponderável, da construção de um cadáver qualquer, injustificadamente.
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