Paraíba

Já podemos beijar e anunciar um Super Natal!


19/10/2021

para Marilene Galdino

 

O Brasil passa, está passando, por duas grandes crises. A pandemia acossada pela contaminação em massa do vírus Covid-19, que vitimou a marca de 620.000 óbitos até o presente, e a ensandecida crise política causada pelo Governo Bolsonaro, de forma negacionista e prejudicando de enorme tamanho ao país, principalmente à saúde, quando retardou a compra de vacinas e insumos de combate a infecção, e promoveu a morte de milhares indígenas, quilombolas, povos das periferias, idosos, povo em geral de todas as classes, com falsas e insistentes propagandas de remédios que cientificamente estariam comprovados nada resolverem, como o famoso caso da indicação da cloroquina.

Finalmente entramos na reta final, anunciada com a abertura e flexibilização do comércio, das escolas e universidades, estádios de futebol, teatros, casas de shows, grandes eventos, e o anúncio de que teremos um Super Natal 2021. Tudo, logicamente de forma ajustada aos protocolos indicados pela OMS e de acordo com as Secretarias de Saúde, tanto dos Estados como municípios, e que naturalmente se dá sob o uso de máscaras, apresentação do passaporte de vacinação, e outros cuidados.

Lembramos o inicio, logo após o Carnaval de 2020, quando a China já divulgava suas imagens de horror e morte coletiva, e lá no mês de março, quando aqui chegava o anúncio eminente do perigo, instalando medo e pavor em toda a nação.

Um novo dialeto era lançado, com palavras que mal se compreendiam como a própria pandemia, e o que se daria com as suas consequências. O Novo Normal – anormal, o lockdown, e outras, obrigando populações do mundo inteiro ao sacrifício de ficar em casa, manter isolamento, ajustar as emoções de medo, angústia, oscilando entre a esperança e a fé, e tendo que lidar diretamente com a realidade da perda crescente de familiares e amigos que assinalaram os índices de óbitos diários que chegaram a 3000 por dia.

Com o Novo Normal veio também a mudança de comportamento, as pessoas passaram a obrigatoriamente usar máscaras e álcool gel, manter distância umas das outras. Lembro de casais brigando na própria família para manter as regras propostas pelo sanitarismo. Veio também o acréscimo de pessoas com depressão, o desemprego em massa, a desaceleração da economia, e a inflação. Ligar a televisão ou acessar a internet era aumentar a incerteza de que no dia seguinte estaríamos vivos. Ao redor caíam mil a cada momento.

Na medicina, o improviso da montagem de Hospitais de Campanha, debates de infectologistas de todo o mundo, a dúvida de quando afinal se teria uma vacina e a quantidade capaz de ser produzida para imunizar toda a população do planeta, além de médicos, enfermeiros e trabalhadores da saúde estressados, levados a sua capacidade máxima de operar trabalhando.

Na mídia, se multiplicavam as imagens de cemitérios superlotados, distanciamento dos familiares nos velórios sem direito a despedida de seus entes queridos, os placares com números cada vez mais crescentes de vítimas, os registros de falta de insumos, oxigênio, atendimento básico necessário, falta de leitos em UTIs e mais um enorme número de problemas que pegava de calça curta os profissionais da área. Pior, no caso do Brasil, um presidente e seus ministros e assessores que insistiam na contramão da realidade, negando, adiando soluções. Um presidente que, por exemplo, em vez de ir visitar hospitais e cidades, e averiguar de perto a situação em busca de solução, fazia opção por promover passeios de jet-sky e motos, e churrascos, debochar das vítimas dizendo que a morte era coisa natural, e politizar a questão da pandemia, inclusive, dizendo que não tomaria a vacina, de modo algum, e minimizando, afirmando que “isso é uma gripezinha e nada mais”.

Veio a reação dos governos Estaduais e municipais e buscaram adquirir através de outras vias, a solução com a compra das vacinas que começavam a ser produzidas na Rússia, China, Estados Unidos. Enfim, um novo fôlego oxigenando a esperança.

No dia de ontem, após vinte meses de sofrimento de infecção e mortes diárias, chega a nosso Estado da Paraíba, a tão esperada notícia de zero óbito. Também a notícia da Prefeitura da Capital, anunciando a programação de que termos um super Natal, o “Natal dos Sentimentos”, e se Deus quiser, também um Super Carnaval. Ufa! Já era tempo.

Será que gora já aprendemos que temos que ter responsabilidade e nos cuidarmos? Cuidar da nossa alegria, da nossa autoestima, da nossa saúde, de nós mesmos e do próximo. Cuidar da nossa casa, nossa igreja, nossa escola e universidades, defender a camisa do nosso time, prestigiar nossos eventos culturais, parques, voltar a fazer nossas viagens de turismo, poder fazer compras ao vivo no comércio, supermercados e feiras, voltar a vida normal, passear, namorar, amar, e melhor ainda, será que já podemos rever e reunir amigos, abraçar e beijar?


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