Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Ídolos fabricados


25/10/2016

Foto: autor desconhecido.

Em épocas passadas a palavra ídolo estava relacionada à adoração religiosa. No mundo contemporâneo, a força midiática passou a promover a construção de ídolos, associando a sua imagem à relação comercial. São ícones fabricados, símbolos da cultura de massa, transformados em mitos populares, nem sempre levando em conta talento e potencial artístico. Basta que tenham carisma e imagem corporal de acordo com os padrões de beleza atualmente definidos.

Geralmente são celebridades instantâneas e efêmeras, com pouca duração no estrelato. São facilmente descartados quando deixam de atender às exigências do mercado. Os “ídolos fabricados” não conseguem se manter por muito tempo recebendo as homenagens e as reverências do público ou da mídia.

Essa ânsia midiática de construir “novos mitos”, a todo instante, nivela por baixo a produção cultural. Por isso, costumamos ver a idolatria a um artista pop desaparecer repentinamente. O ídolo fabricado, na falta de talento, recebe os aplausos e alcança o sucesso somente enquanto a sua imagem estiver sento útil no mercado de consumo.

A sociedade atual adota com extrema facilidade o “imaginário pronto”, lançado para o público usando da capacidade de persuasão e no apelo à emotividade humana. A massa assume uma postura acrítica e absorve sem questionamentos tudo o que se coloca como manifestação artística e que, na verdade, revela-se como “lixo cultural”.

A indústria cultural estabelece o que quer que seja vendido, impondo à população novos gostos na conformidade dos interesses comerciais, não se importando com a qualidade do produto a ser consumido.

Os ídolos fabricados pela mente humana são mais perigosos dos que são feitos de pedra ou madeira. São aqueles que fazem com que multidões fanáticas, influenciadas pelo marketing, cantem, falem e pensem como eles. Os ídolos fabricados, na maioria das vezes, ocupam uma função alienante na sociedade, porque tornam-se instrumentos de estratégias de manipulação. Estimula a distração planejada de forma a exercer um controle social que afasta as pessoas da necessidade de discutir as questões essenciais da sua vida, utilizando o aspecto emocional muito mais do que o racional.

Portanto, é importante que tenhamos mais cuidado na escolha dos nossos ídolos ou mitos, minimizando assim as possibilidades de sermos usados como massa de manobra, perdendo nosso senso crítico e de valorização cultural das manifestações artísticas.

 


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