Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Hospedar familiares


17/05/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Há algum tempo atrás quando o interior ainda não possuía boas escolas, nem faculdades, era comum que os pais enviassem seus filhos para estudarem na capital. Geralmente tornavam-se hóspedes de parentes. Isso fazia com que se estabelecesse uma relação mais próxima entre familiares que passavam a conviver de rotina comum, criando um clima de intimidade própria dos que habitam num mesmo lar. Era estabelecida uma afetividade que se assemelhava a de pais e filhos ou de irmãos.

A nossa vinda para João Pessoa criou essas condições de acolher algumas pessoas que estavam ligadas a nós por consanguinidade. Se não éramos irmãos biológicos, o convívio diário fazia com que nos sentíssemos como assim fossemos. Cresci valorizando o conceito de família, entendendo que a relação parental deva ser considerada como algo que mereça toda a consideração.

Nosso primeiro hóspede estudante foi meu primo Detinho, hoje um conceituado médico em Cajazeiras. Era afilhado e xará de meu pai e o tínhamos como um irmão mais velho. Lembro-me das vezes em que ele ia de bicicleta me apanhar no grupo escolar em que estudava. Foi ele quem me fez ser flamenguista. Muitos anos depois, como prova dessa relação afetuosa, o tomei como padrinho de minha filha caçula, Vanessa, ao lado de sua esposa Jacinta.

Outros parentes, por motivos diversos, moraram temporariamente conosco. Maria das Graças (Zazá), minha comadre, e Márcia, filhas de minha tia Socorro. Assim como meu tio materno Roosevelt Cesar. Familiares por laços paternos como Gilson Pinheiro, e sua esposa Josefina, e Vileide.

O que pretendo destacar com esse registro é o quanto salutar é firmar esse vínculo de proximidade familiar, onde a partilha e a solidariedade se estabelecem como determinantes para que a relação de parentesco não se restrinja aos limites dos pais e filhos. Família é complementaridade, reciprocidade e companheirismo, na vida social e afetiva. Não precisa, necessariamente, ser parente de primeiro grau. Basta que se confraternizem, compartilhem de momentos bons e ruins, sejam cúmplices e tenham convivência comum em determinados momentos da vida.

Cada leitor deve estar se lembrando de quantos irmãos que não são filhos de seus pais, assim são considerados porque dividiram emoções exclusivas de quem habita num mesmo círculo de ambiência familiar.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.

 


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