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Sociedade de Gastroenterologia da Paraíba.

Saúde

Hepatites Virais: a luta contínua em busca da erradicação


29/07/2021

Na imagem a médica Fátima Duques.

Por SGPB

O Julho Amarelo faz referência ao 28 de julho, dia escolhido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a partir de iniciativa e propostas brasileiras para celebrar o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais. A data foi instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019 e tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais.

Celebrar a data data tem como objetivo atrair atenção para o tema, ainda não suficientemente abordado pelos governos de vários países. Isso incentiva o diálogo, sobretudo no campo da saúde pública pois incentiva a criação de novas políticas públicas e melhora a eficiência das que já existem.

Para erradicar os vírus das hepatites B e C crônicas é necessário informar à população sobre medidas preventivas, realizar testes diagnósticos e garantir o acesso universal ao tratamento dessas doenças. Esse é um objetivo que individualmente ninguém atinge, pois, num país desigual como o nosso, esse acesso só pode efetivar-se a partir de ações resultantes de políticas públicas que privilegiem a saúde coletiva.

Estamos por enquanto sob a égide do SARS Cov-2, que atingiu todo o planeta, devastando sobretudo os países que enfrentaram incorretamente a pandemia de COVID-19, como infelizmente ainda ocorre no Brasil. Mas o mundo continuou a girar e as hepatites pelos vírus B e C não podem ser esquecidas, pois são doenças de impacto na saúde da população global, pois podem evoluir para a cirrose e o câncer de fígado. Do mesmo modo, países que adotaram políticas públicas mais adequadas já conseguiram um controle razoável dessas doenças.

As hepatites virais crônicas e a Covid-19  (além de várias outras doenças) mostram e mesmo escancaram as desigualdades e iniquidades que sistemas econômicos perversos podem engendrar, tornando mais  trágicas situações que podem ser minimizadas quando o estado exerce bem o seu papel, proteger os cidadãos e controlar as mazelas que a natureza lhes impõe.

No quesito hepatites virais o Brasil atingiu um status que pode ser considerado razoável, quando comparado ao resto do mundo. Isso depois de muitas lutas reivindicativas da sociedade civil e de setores mais atuantes da área de saúde, como por exemplo a Sociedade Brasileira de Hepatologia e outras, além do esforço de organizações não governamentais (ONGs), hospitais universitários e serviços públicos, destacando-se a atuação individual de muitos médicos e profissionais de saúde na pressão aos governos.

Já dispomos de protocolos de tratamento para as hepatites crônicas B e C e o SUS fornece gratuitamente as medicações atuais para ambas. Aqui destaco a incorporação dos novos anti-virais para o tratamento da hepatite C, que, diferentemente dos anteriores, propiciam uma alta taxa de cura (quase 100%) num curto espaço de tempo (8 a 12 semanas) e com efeitos colaterais mínimos ou mesmo sem eles.

Uma grande vitória que pode mudar o curso da saúde coletiva e que nos traz grandes lições. A primeira delas é que para erradicar as hepatites virais precisamos diagnosticá-las fazendo os testes no sangue (HBsAg e anti-HCV) que qualquer médico pode solicitar e tratá-las como previsto nas orientações e protocolos internacionais. Na Paraíba, os centros de referências em hepatites virais são o Complexo Hospitalar de Doenças Infecto-Contagiosas Dr. Clementino Fraga e o Hospital Universitário Lauro Wanderley. Há também especialistas na medicina privada em consultórios particulares, com ou sem planos de saúde. Mas as medicações são distribuídas pelo SUS, como deve ser mesmo.

A segunda e importantíssima lição é que saúde é um bem comum e só se consegue qualidade e bons resultados do ponto de vista populacional quando há intervenções na saúde pública que privilegiem o interesse coletivo. Se as desigualdades foram escancaradas nessa pandemia, a necessidade de construir-se a saúde coletiva a várias mãos sob a batuta de governos que pensem em melhorar a saúde e a vida do seu povo escancarou-se mais ainda. Portanto, valorizemos este grande aprendizado: ter um olhar coletivo e reivindicar medidas para todos melhora a saúde geral das pessoas e também a nossa como indivíduos, pois somos parte desse todo!


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