Ana Adelaide

Professora doutora pela UFPB.

Geral

Grazie Mille, Milão


27/05/2014

Foto: autor desconhecido.

 Para Andrea Poshar, pela  expressão do título da crônica

É assim que começo meu texto. Agradecendo. À vida. Minha vida, e minhas circunstâncias, que ironicamente, diante das grandes perdas e danos, me proporciona um sonho. Agradecendo a Juca que, dos céus, me confortou sob o sol da Toscana.

Primeira parada : Milão! Uma viagem de resgate. De reverência à Juca pela nossa viagem que não aconteceu ano passado. Uma saudade amenizada pelo refazer dos passos. Parece incrível, mas essa tentativa de ocupar tempos não vividos, pode funcionar como um encontro com o mistério e com o sagrado.

Encontrar amigo de longas datas. Jantar num típico restaurante off turists! Osteria Delbinari. E comer spaghetti com pecorino e alcachofra. E claro, Tiramissu. A primeira vez que provei essa iguaria, foi na Inglaterra, um amigo chamado Maurizio fez um jantar para os colegas e serviu a sobremesa. Eu com meu caderninho do lado, anotei cada passo. Não sou Rita Lobo, Nem Nigella, nem Carolina Ferraz; nem D. Clara Oto! Nem Nízia Siqueira. Nem Dorinha Maroja.mas gosto de um mergulho culinário.

A Itália tem um cheiro de orégano no ar! E o som cantante da língua; logo logo, pensava estar cantarolando Giulietta Mansine, ou estar numa cena de Fellini.

No Hotel Cristallo, muitos jovens. E tomei café da manhã com bolo, geleia, pão italiano e queijo crema. Buono!

Deparo-me com a Catedral Duomo! Um susto com tamanha beleza abissal. Indescritível! Toda hora um espanto. A Duomo é a terceira igreja no mundo em termos de dimensões depois de São Pedro e da Catedral de Sevilha. Tem 3.500 estátuas que a adornam, o que contribui para que fiquemos hipnotizados com tamanha beleza escultural. Daniel, meu filho, toda hora se perguntava como uma obra dessas podia ser construída. E leio que, começou a se erguer em 1386 e terminou no século XIX. Subimos no teto, e visitamos cada palmo. Rezei por Juca e acendi uma vela. Aliás, em cada Catedral, acendíamos uma vela e rezávamos por você Juca. Outras velas na Igreja belíssima de Sant´Ambrogio, e depois em Londres na Abadia de Westminster.

Depois uma pizza na galeria Vittorio Emanuele II e seu imponente Arco do Triunfo.. E todo o luxo que merecíamos. Esta imponente galeria é considerada precursora da estrutura dos atuais shoppings. E serviu de inspiração para toda Europa. O seu octógono central coberto por uma abóbada de 47 metros, ostenta no piso o símbolo da família reinante, os Savoias. O lírio de Florença, a loba de Roma, a cruz vermelha em campo branco de Milão e o touro de Turim, objeto de um curioso rito mágico por parte dos visitantes, que para garantir boa sorte pisam na efígie do animal . Claro que cumpri todo o ritual…Queria garantir minha sorte e meu retorno. Just in case…

Na saída, uma exposição de Gustave Klimt e um beijo. O Teatro Alla Scala – igualmente belíssima arquitetura, embora não tivemos a oportunidade de assistir à uma ópera.

Milão não tem a beleza monumental de Roma , nem o charme de Florença, mas tem um esplendor todo próprio, acentuada por parques, o Jardim Sempione, o castelo Sforzesco, a torre Del Filarete, e a catedral. Mas não só. Um sorvete de uva e pistache; a estação nova de Cadorna, as lojas chiques de Prada, Dior e Dolce e Gabana; tomar um drink nas lojas Renaissance e provar azeitonas gigantes; comprar um aceto balsâmico especial; um a taça de vinho tinto, um sandwich de brie, um capuccino especial num Café cheio de guloseimas artesanais devem constar do Sightseeing, como também visitar a área do Corso Como – e as maravilhas do Design e terminar a noite com um autêntico Risoto Milanês. De lamber os beiços! E eu detesto bife à milanesa!

A Igreja Santa Maria Delle Grazie, agrega o Cenáculo, a Santa Ceia de Leonardo Da Vinci. A Basílica de Sant´Anbrogio é outro lugar de culto mais antigo da Itália. Cada pedra um tesouro. O conservatório Giuseppe Verdi, A Pinacoteca A Brera e todos os arredores, a arquitetura, obras de Caravaggio, Rubens, e Rembrandt, nos leva à contemplação maior diante das obras de arte que normalmente só vemos nos livros.

Antigamente, Milão tinha seu comércio transportado pelas águas. Sal e carbono, tecidos .. Até a metade do século XX se navegava sobre o Naviglio. Hoje a região de Naviglio Grande, fervilha de vida noturna. Bares e restaurantes e cafés. A Ruela dos Lavadieros, uma beleza à parte!

Tão pouco tempo . Somente dois dias. Mas o suficiente para me perder na estação de trem imensa e barulhenta, de onde parti para Florença, nossa próxima parada.

Ana Adelaide Peixoto – João Pessoa, 19 de maio, 2014


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