Paraíba

Folia de Rua precisa criar valor


18/06/2021

Li nas redes sociais durante o dia de ontem, que o Secretário de Turismo de João Pessoa, Daniel Nunes, anunciou já ter contratado os baianos Bel Marques (Chiclete), e Ivete Sangalo, como atrações do próximo ano, para o evento Folia de Rua. Ato contínuo, li também diversas postagens do pessoal integrante dos blocos da Associação Folia de Rua, dizendo-se surpresos com a informação, uma vez que nada havia sido discutido com a instituição.

Ora, chega a ser uma vergonha a falta de comunicação entre a diretoria da Associação Folia de Rua e a Prefeitura, leia-se : Secretaria de Turismo, Funjope, Secom, e até o próprio Gabinete do Prefeito, este último, que é quem deve bater o martelo para autorizar decisões e contratações como esta que envolve milhões.

Mais: em tempos de pandemia, quando se fala em terceira onda de ataque á população, do coronavírus e suas cepas, em que faltam vacinas, etc., como sinalizar a possibilidade de eventos que carecem desembolso e arrojados investimentos, inclusive, em detrimento de uma Associação que vive minguando recursos para se sustentar e sobreviver no pré-Carnaval?

Não é de hoje que a Associação Folia de Rua vem sendo humilhada no trato governamental, e municipal. Chega dá dó.

Lembro muito bem, no ano que retornei ao Estado, fui convidado pelo finado presidente Bola, a assistir o desfile. Em determinado momento, parou em frente ao camarote principal, um trio baiano e convocou a galera a cantar o hino da Bahia. Outra humilhação. Nada contra os baianos que sabem muito bem resolver seus contratos e promoções, mas resolvi descer na hora…

Já vimos combatendo essa desvalorização da nossa cultura há um bom tempo. Conversamos com a diretoria da EBC e Rádio Tabajara, no sentido de fazer ver que tocar música paraibana uma vez perdida na programação, não constrói sucesso de nenhum artista. As músicas para fazer sucesso devem tocar repetidas e inúmeras vezes, ganhando espaço de divulgação até ficarem conhecidas do grande público. Falo com experiência de quem trabalhou durante anos com multinacionais do disco divulgando artistas de sucesso no Norte e Nordeste e operando direto com mais de 350 emissoras de rádio. Com todo o respeito, não é tomando espaço para os novos, nem tocando músicas de Maria Betânia, Guilherme Arantes, e Cassiano, dos anos 70, que se promovem os artistas paraibanos.

Já reunimos também, e diversas vezes, com o pessoal da Folia de Rua, para prestar como que um tipo consultoria, no sentido de preparar os blocos, produzir material e atrair patrocínio através da captação de recursos de grandes empresas privadas como as cervejarias, telefônicas, e outras marcas, que estão sempre dispostas e interessadas em participar de grandes eventos.

Começamos a conversa mensurando o tamanho do público, em média de um a dois milhões de foliões, disposto a gastar um ticket médio no valor diário de R$10, (reais), compreendendo aí, gastos com passagens de ônibus e outros transportes, consumo de bebida e comida, além de atrair o público de turistas internos e externos, que acrescenta gastos com passagens aéreas, hotelaria, bares e restaurantes, e movimentam a economia da Capital, impactando o comércio e a mídia, e gerando um fluxo natural de empregos diretos e indiretos, entre outros dados que merecem análise de investimento e receita, e valorização.

Colocar o bloco na rua carece atitude profissional por parte de todos os envolvidos. Dirigentes de blocos e associações, prefeituras, Governos, Ministério do Turismo. É isso que nos ensina o vizinho Carnaval do Recife, com seu recordista mundial, o Galo da Madrugada. Também o Carnaval da Bahia, de um profissionalismo invejável. Os desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro e São Paulo, os Bois, do Maranhão e Amazonas, e não esquecendo, os movimentos das quadrilhas juninas que cada vez mais se organizam e crescem profissionalmente.

Tudo isso envolve também as grandes marcas do comércio varejista, da indústria de bebidas, planos de saúde, turismo, mídia e comunicação. E melhor ainda, aumenta a autoestima do povo como crédito capital.
É hora da FOLIA de Rua se reorganizar e criar valor. Hora de prestigiar nossos artistas, nossa arte e cultura, criar autoestima, redimensionar nossas propostas. Hora de atrair o turista com investimento apropriado. Hora de falar de negócios, marketing… Hora das empresas e da Prefeitura e do Governo, ouvirem as demandas e apoiarem com o tamanho necessário de ações que merece o maior evento pré-carnavalesco do Brasil.


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