Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Figueiredo: presidente e Burity: governador


01/08/2016

Foto: autor desconhecido.

 

A data de 15 de março de 1979 trouxe aos brasileiros a expectativa de que começaríamos a viver um novo tempo. Tomavam posse o novo presidente da república e os novos governadores. Era unânime nos discursos proferidos ao assumirem, o compromisso de agirem em favor da redemocratização, ainda que todos tenham alçado o poder beneficiados pelas regras da ditadura militar.

João Batista Figueiredo prometia manter-se no “inabalável propósito de fazer do Brasil uma democracia”. Afirmou empenhar-se por desenvolver ações que oferecessem melhores condições de vida para o povo, assim como promover uma distribuição menos injusta da riqueza nacional. Jurou trabalhar para diminuir as desigualdades sociais e buscar o equilíbrio da dívida externa. Comprometeu-se em “sustentar a independência dos poderes do Estado e sua harmonia, fortalecendo para que chegasse à sua plenitude”.

Poderia ser um discurso demagógico de político, o que estávamos acostumados a ouvir, mas, de qualquer forma, nos dava a esperança de que finalmente estaríamos saindo do regime totalitário a que fomos subjugados pelo golpe militar de 1964. Soprava o vento da liberdade e do respeito à cidadania.

Sentimento igual nos proporcionou o pronunciamento da solenidade de posse do novo governador da Paraíba, Tarcisio Burity. Nem parecia um discurso de arenista, eleito pelo voto indireto. Começou dizendo que governaria com o povo, pois somente o povo poderia ser o juiz de sua administração, porquanto dele emana o poder político da Nação. Exaltou a democracia e pregou a liberdade. Defendeu as garantias individuais e de segurança coletiva. Apresentou-se como um governante que se afirmaria implacável no combate à criminalidade. Fez um chamamento à unidade partidária e reconheceu a legitimidade da oposição. Assegurou prestígio ao funcionário público.

A composição do seu secretariado oferecia credibilidade, considerando o nível técnico e profissional dos que havia convocado para ajudá-lo a governar. Podemos destacar nomes como Marcos Ubiratan nas Finanças, Amaury Pinto no Planejamento, Hermano Almeida nos Transportes, Humberto Freitas na Agricultura, entre outros.

A história nos mostrou que nem todas as promessas foram cumpridas. Entretanto, não há como negar de que a partir daquele dia passamos a respirar os ares da democracia. Estava findando a ditadura. Foram os últimos governantes eleitos sem que representassem a manifestação de escolha popular através do voto direto.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.

 


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