Alberto Arcela

Publicitário e jornalista

Mulher

Fascinação


08/03/2023

Poeta portuguesa Florbela Espanca

 

 

Criado por mãe viúva – perdi meu pai aos quatro anos -, sempre fui fascinado pelas mulheres, para mim a mais perfeita criação do universo.

Belas no seu design de montes e curvas, exalam inspiração e sugerem uma superioridade natural que vem começando a incomodar os machos alfa de plantão.

Longe de provocar medo, esses lobos, bobos como na canção, apostam na intimidação e ameaças na rede para tentar virar um jogo que já começou perdido.

E vão mais além ao criar uma esfera toda própria e produzir uma série de grupos e conceitos de raízes fascistas e misóginas.

Aliás, misoginia é uma das palavras mais pesquisadas na Internet e seus seguidores as pessoas mais vis que se tem notícia.

Na contramão da história, fomentam o ódio e a aversão às mulheres e pregam a volta da subserviência e da superioridade de gênero.

Fico pensando o que minha mãe, uma leitora contumaz e amante das artes, diria disso tudo.

E como se explicar também para Simone de Beauvoir e Lígia Fagundes Telles. Tentar convencer Tarsila do Amaral, Fernanda Montenegro e Elis Regina que os homens são melhores. E Madre Teresa de Calcutá? Como confessar para ela que é dos homens o reino do céu.

E não para por aí. Onde fica Jane Austen e Clarice Lispector nessa história. E todas as outras mulheres maravilhosas que emprestaram a sua beleza e a sua poesia para construir um mundo melhor.

E tudo isso me veio à mente justamente no dia em que se comemora o dia internacional da mulher.

Que me perdoem, portanto, os que vivem na machosfera, mas em assuntos de homem e mulher sou do tempo antigo. Do tipo que abre a porta do carro e beija a mão. Que é gentil e carinhoso e tem sempre um elogio na ponta da língua. E que faz de tudo para que ela se sinta a mulher mais feliz do mundo.

A musa dos seus poemas e a rosa divina e graciosa da sua canção.

Por tudo isso, peço licença a todos para finalizar esse texto de hoje reproduzindo os versos apaixonados de uma poeta portuguesa, com os quais saúdo todas as mulheres do mundo.

“Minha alma de sonhar-te anda perdida. Meus olhos andam cegos de te ver, Não és sequer a razão do meu viver. Pois se tu és já toda minha vida.”

E viva Florbela Espanca.


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