Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

“Eu te devoro”


08/11/2013

Foto: autor desconhecido.

EU TE DEVORO”

A música “Eu te devoro”, de Djavan, lançada em 1998, é uma declaração de amor, mas uma paixão muito mais relacionada a um desejo carnal.

“Teus sinais me confundem da cabeça aos pés/mas por dentro eu te devoro/Teu olhar não me diz exato quem tu és/mesmo assim eu te devoro”. Os versos da música de Djavan mostram que o apaixonado não conhece pessoalmente a mulher que deseja ardentemente. Mas a confusão que lhe causa a visão dela, da cabeça aos pés, só o estimulam a querer tê-la cada vez mais. É um desejo de possuí-la, de viver um momento íntimo junto. No seu olhar não consegue decifrar quem é ela, mas mesmo assim a vontade de “devora-la” é crescentemente mais forte.

“Te devoraria a qualquer preço/porque te ignoro ou te conheço/quando chove ou quando faz frio”. Está decidido a ir em direção a essa conquista, a qualquer preço, custe o que custar, em qualquer circunstância, ignorando-a ou conhecendo-a, na chuva ou no frio. Não há impedimento para a consecução do seu desejo.

“É um milagre tudo o que Deus criou/pensando em você fez a Via láctea/fez os dinossauros, sem pensar em nada/fez a minha vida e te deu”. Chega ao clímax da sua paixão pela mulher dos seus sonhos, ao declarar que ela inspirou Deus ao construir as belezas da natureza. Ele não pensou em nada, e decidiu lhe dar vida para presentea-la. É uma forma de se oferecer plenamente a quem está disposto a conquistar.

“Se contar os dias que me faz morrer sem saber de ti/jogado à solidão./Mas se quer saber se quero outra vida/Não! Não!”. A falta da aproximação física é uma tortura. A ausência de notícias provoca sofrimento. No entanto, não quer desistir, não se permite viver outra vida que não seja a que proporcionará compartilhar momentos de felicidade a dois.

“Eu quero mesmo é viver/pra esperar, esperar/devorar você/Quero viver, pra esperar você/quero esperar você”.
Então seu mundo está focado nessa conquista, e vai viver o tempo necessário para “devorá-la”, e essa espera não cansará.

v Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.

 

 


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