Reza a lenda que Cajazeiras ensinou a Paraíba a ler. Se o fez, não economizou na medida e com o passar do tempo, incorporou a essa leitura um cabedal de conhecimento e vocações de fazer inveja a berços da civilização cristã.

E digo isso de coração aberto porque também gostaria de ter nascido lá, na terra de Padre Rolim, para ser conterrâneo da premiadíssima Marcélia Cartaxo, de Thardelly Lima e Nanego Lira. Ter respirado o mesmo ar de Suzy Lopes, Soia Lira e Dudha Moreira e ter o mesmo talento de Ubiratan de Assis, Buda Lira. Bertrand Lira e Eliezer Rolim.

Ou mesmo escrever como Nonato Guedes de quem sempre fui um leitor fiel ou como seus irmãos.

Tudo isso me veio à mente ao ler a notícia que uma cajazeirense de dezessete anos e aluna de uma escola pública da cidade, havia conquistado o primeiro lugar no curso de Medicina da mais importante universidade do Brasil.

Nada surpreendente para quem tem o sobrenome Lira, como também poderia ser Guedes ou Rolim.

Que, por sinal era o sobrenome de um garoto que morava perto da minha casa no Roger e protagonizou Menino de Engenho.
Ele e Chola.

Deve ser parente de Raquel. Ou até mesmo do padre. Nunca se sabe.
O filme mobilizou a capital. Foi o cinema paradiso da época. O Romeu e Julieta do brejo.

Só sei que todo mundo queria ser o garoto Carlinhos que beijava a menina loira e linda.

Sávio, o protagonista que se destocou em outros filmes como Bonitinha, mas ordinária e Memórias do cárcere, baseado na obra de Graciliano Ramos era natural de Cajazeiras e seu pai tinha uma fábrica de tintas na cidade.

Foi o primeiro cajazeirense que eu conheci e também o mais beatnik de sua geração.

Soube que não está bem, mas tenho um grande respeito pelo seu trabalho.

E viva Cajazeiras.

Em tempo – O nome da aluna é Maria Clara Lira.

Viva ela.