Opinião
Estivemos à beira do abismo
20/11/2024
A cada dia nos deparamos com novos fatos que demonstram que estivemos muito perto de uma ruptura democrática, planejada e arquitetada por agentes da extrema direita. Essa repetição de acontecimentos que estamos tomando conhecimento, não deixa nenhuma dúvidas de que havia um planejamento para tomada do poder. E isso vem sendo tentado desde o primeiro ano do governo anterior.
Impressionam os detalhes que são revelados pela Polícia Federal como resultado de suas investigações. Essa tradição de golpismo na história republicana brasileira não pode ter continuidade. Estamos completando 60 anos que um golpe civil-militar que nos impôs 21 anos de ditadura. Vivemos, então, em permanente apreensão. Principalmente no período a partir de 2019, com risco maior quando a última eleição presidencial decidiu afastar do poder o então primeiro mandatário da Nação.
Nesta terça feira (19) fomos surpreendidos, pela manhã, com a notícia da deflagração de uma nova operação da Polícia Federal, denominada “Contragolpe”, quando foram presos quatro militares das forças especiais do Exército Brasileiro, conhecidos como “kids pretos”, dentre eles um general da reserva, e um integrante da própria Polícia Federal. Até aí a notícia não causou tanta surpresa. O que realmente provocou uma sensação de perplexidade foi a revelação de que esses militares presos faziam parte de um plano codificado como “Punhal Verde e Amarelo”, onde estavam previstos a prisão e o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Alkmin, recém-eleitos, e do ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Numa ação inédita na nossa história, não se articulava apenas um golpe militar, mas o cometimento de um “magnicídio”, matar pessoas públicas de prestígio político, para a consecução dos seus objetivos, que seriam impedir a posse de Lula. A sanha golpista não respeitava limites, pois a representação da Polícia Federal apresenta um detalhado planejamento operacional para por em prática esse intento de atacar o Estado Democrático de Direito. O que nos leva a imaginar que se o golpe tivesse sido executado como estava delineado, teríamos uma ditadura muito mais violenta do que a de 1964. Ainda bem que seus idealizadores e executores não se mostraram suficientemente competentes para o alcance de êxito dessa empreitada criminosa. Para a nossa sorte são um bando desastrados.
Esses agentes das Forças Especiais tinham a intenção de desestabilizar o cenário político nacional como forma de subverter a ordem democrática em nosso país, usando técnicas terroristas e o uso de aparato policial. Essa operação policial configura-se um passo importante na preservação da ordem institucional e na garantia da segurança pública para todos os brasileiros. Ainda bem que as instituições democráticas têm se mantido alertas e agindo com determinação contra essas ações que visam matar a nossa democracia. Esses golpistas, agora encarcerados, ainda não são os idealizadores, aqueles que estão no “andar de cima”. Mas a justiça e a polícia começam a subir os degraus que alcançarão os principais líderes desse movimento que objetiva novamente instaurar um regime de exceção em nosso país.
Outra informação estarrecedora no documento assinado pela Polícia Federal é de que toda a trama foi elaborada na casa de um general que havia disputado a eleição na condição de vice-presidente, tendo sido derrotado nas urnas. O que representa dizer que tem muita gente “graúda” que está na iminência de ser presa, por participar dessa organização criminosa, que pretendia dar o golpe no dia 15 de dezembro de 2022, antes da posse dos eleitos. O toc toc da PF é questão de dias.
Os sucessivos crimes apurados pelos golpistas, nas mais diversas escalas, são de extrema gravidade e não podem ficar impunes. Eles têm conexão, comando e financiamento articulados. Então, é de urgência concluir as investigações, de forma a permitir que os seus principais líderes sejam exemplarmente punidos e, assim, possamos virar essa nova página sombria de nossa história. Ditadura nunca mais.
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