Para os religiosos há a compreensão de que após morte a alma passa por uma etapa de purificação antes de ganhar o céu. Nesse processo de transição, dizem que, as almas precisam da ajuda dos vivos com orações de clemências, ao divino, para dar alivio durante a purgação dos pecados.
 

Dependendo dos feitos, do finado, em vida, é que se vai saber o quanto de oração será necessário para “agilizar” a saída da sua alma do purgatório. É nessa hora que se diz: “Essa alma quer reza”.
 

Por outro lado essa expressão é usada para denunciar mudanças de comportamento e atitudes de alguém que por um interesse repentino, mostra-se solidário, amável, compreensivo. Quando o seu histórico sempre foi o da indiferença, da insensibilidade e da falta de colaboração; despertando com isso a desconfiança dos seus bons propósitos.
 

No dia a dia topamos com essas situações. Algumas são tão explícitas que não há como não identifica-las. Outras chegam com a máscara da “solicitude” de forma a garantir seu objetivo circunstancial, como se esse fosse o seu comportamento cotidiano, o natural da sua personalidade de quem sempre oferta ajudas e favores.
 

E no lado do mundo político, “danou-se a nêga do doce”. O campo das dissimulações começa na distribuição dos “santinhos” na época das eleições. Abre-se um largo leque onde se aplica com maior frequência essa prática de “enganação”. Quando vemos um agente político se esbaldando em simpatias, em momentos de arroubo para atender as demandas de pedidos, vestindo uma postura que não se enquadra na sua história de vida, ficamos “com um pé atrás”. Com certeza os interesses são outros. Na linguagem popular nos apressamos em dizer “Essa Alma Quer Reza”.
 

A sabedoria do povo nos adverte que devemos estar sempre muito atentos com os “falsos” benfeitores. Pode ser uma cilada de “alma penada” querendo aliviar seus pecados, tentando ganhar a “ebenezer” no céu.
 

Integra a coletânea de textos que intitulei “REFLETINDO A SABEDORIA POPULAR (ditados, expressões e provérbios)”.