Notícias
‘Então é Natal’: Leia o novo texto de Alberto Arcela
17/12/2023
Talvez por ser de peixes e um tanto esotérico, prefiro o período natalino, pelo que ele representa e também pelas cores, pela fantasia e também pela comida que aprendi a gostar com Dona Cora que era além de mãe, uma chef maravilhosa.
Nada contra o carnaval, com sua pegada profana que é uma delícia, e muito menos contra as festas juninas, até mesmo porque aqui e ali eu escrevo um forró, mas o Natal é intenso na sua quietude.
Um tempo desses, era a época em que Roberto Carlos lançava o seu álbum anual, e a maioria das pessoas aguardava ansiosamente por ele. E quando ele também gravava o especial de fim de ano que era exibido para todo o Brasil pela Rede Globo.
O disco foi eclipsado pela cantora Simone que lançou o trabalho definitivo do gênero, inclusive com uma versão da canção escrita por John Lennon, mas o disco de um modo geral tem um gosto duvidoso.
E quanto ao especial em si, ele não soube se reinventar, e ficou tipo o mais do mesmo. Um exemplo disso é Luísa Sonza, aquela do Chico, que este ano faz um dueto com o Rei cantando Olha, que um dia foi cantada nesse mesmo programa pelo fenômeno Anita.
Mas, o Natal tem seus milagres, e, por isso, a Disney transmitiu no último sábado 16, aquele que promete ser o melhor de todos os especiais de TV programados este ano para o período. O último show da atual turnê do ex-Beatle Paul McCartney no Brasil.
Um espetáculo magnífico de um bom velhinho que distribuiu durante quase três horas para uma plateia emocionada, presentes em forma de canções.
Estavam ali, Get Back, Blackbird e também Hey Jude, acompanhada em uníssono pela multidão.
Muitas pessoas sorriam. Outras choravam. E todas cantavam.
Afinal de contas, estava ali em carne e osso, o homem que embalou o sonho de um sem número de adolescentes, hoje idosos como ele, muitos deles acompanhados de alguns jovens e até mesmo de crianças que aprenderam com seus pais e avós a gostar das suas canções.
E estava também, assistindo na frente do palco, Gilberto Gil, o brasileiro Beatle do tropicalismo, do alto de sua humildade, acompanhando ao lado do amigo Jards Macalé, a apresentação do seu ídolo.
O vídeo, que teve imensa repercussão, foi postado pelo próprio compositor, e sensibilizou meio mundo.
O fato é que o tempero do Natal deste ano está sendo diferente. De repente, o que muita gente poderia achar retrô, pode sugerir, e mesmo resgatar um Natal mais humano. Com a mesma ceia, mas com outra farofa.
Com a mesma reunião de família, mas com outro espírito.
Nesse sentido, o gesto de Gil, revela muita coisa. Sempre temos muito o que aprender e reverenciar faz parte desse processo. Ser um
Igual entre tantas diferenças. O anônimo no meio de tanta fama.
Nos anos santos da minha infância, eu pude compreender isso, e também encontrar um jeito de superar as perdas, que foram muitas. Nenhum Natal era igual ao outro. Estava sempre faltando alguém.
Mas,enfim, os que estavam ali eram suficientes para a celebração. Para comer o peru de Natal, o bolo de rolo e a rabanada ouvindo um disco dos Beatles tocando na vitrola.
A gente não queria muito mais. Além do que, mesmo não tendo pai, eu achava que todo mundo era filho de Papai Noel.
E por isso, nesse período, a vida era sempre uma festa.
Feliz Natal para todos.
O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.