Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Ele não morreu


01/04/2016

Foto: autor desconhecido.

 

Continuo tendo dificuldade em admitir que ele morreu. Pode até ser, se encararmos a realidade de que a presença física dele se faz ausente. Mas eu não consigo pensar assim. Na minha imaginação ele está ao meu lado em todos os momentos de minha vida. Quando estou triste ele está me fazendo entender que devo vencer os momentos de abatimento e me reanimar. Quando me deparo com episódios que considero desagradáveis, ele aparece me encorajando a enfrentar os desafios com determinação, sem medo dos perigos. Mas quando estou comemorando vitórias, sinto que ele está junto festejando comigo os avanços da minha vida.

A morte, por mais dolorosa que seja para quem ama o ente querido que partiu para a eternidade, é apenas um evento que marca fases de um tempo. Quando não podemos conviver com ele no cotidiano, sentindo-o próximo, aprendemos a viver com as lembranças. E isso se torna tão forte que parece real a sua presença quando precisamos do seu apoio, da sua solidariedade, da sua necessária compreensão de nossas atitudes na vida.

Não consigo ver a morte como a separação definitiva daquele que amamos durante nossa existência. Pelo menos é essa a sensação que domina meu ser. Ele continua vivo no meu coração e na minha mente. Ouço com nitidez sua voz, ate sinto seu cheiro inesquecível. Os seis anos que me separam da alegria de poder abraçar o seu corpo físico, me trazem a certeza de que continuo abraçando-o na memória, na imorredoura recordação de sua imagem.

A cada primeiro de abril isso atinge meus sentimentos de forma mais forte. É a data em que nos separamos fisicamente, mas é também a celebração de um evento que transforma o real num desejo. A vontade enorme de que o espírito voltasse a ser carne, com seu calor, sua inteligência a nos ajudar, seu jeito alegre de mostrar-se cúmplice de nossas aspirações.

Deusdedit Leitão, esse é o nome de quem me faz refletir sobre tudo isso. Ele pra mim não morreu. Continua vivo, me orientando, me protegendo, me guiando, me fazendo enxergar os caminhos da vida. Está presente nos meus sonhos diários e acompanha meus passos. Não me pergunte como sinto isso. Apenas sei que sinto.


 


O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.