Cultura

ELBA 70 – PARABÉNS, Alegria e Luz


19/08/2021

Foto de Arquivo Revista Nordeste

Eram os anos 70, quando a gravadora CBS Discos, a mesma que tinha contratado em seu elenco o Rei Roberto Carlos, resolveu dar um passeio pelo nordeste do Brasil e daí descobrir e revelar alguns talentos para lançamento nacional. Dali, do Ceará, surgiriam Ednardo e seu `Pavão Misterioso´, Belchior, Fagner e outros. Da Paraíba dos anos 60/70 já haviam saído Geraldo Vandré, Cassiano, Hildon, Vital Farias. Antes dos anos 80, um pouco antes, a cantora e atriz Elba Ramalho, que vinha de Conceição – do Piancó, passando por Campina Grande e depois João Pessoa, já havia arriscado pisar os palcos do Rio de Janeiro, pra onde viajara com o Quinteto Violado, e onde ganhara papel na Ópera do Malandro, de Chico Buarque de Holanda, também no filme de Rui Guerra, ao lado de Tânia Alves, Marieta Severo e outros. Era o início de sua grande carreira.

Logo veio o álbum de estreia, Ave de Prata, produzido por Carlos Alberto Sion, um trabalho que se destaca pelas inúmeras participações especiais, tais como: Dominguinhos, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Sivuca, Lulu Santos, Robertinho de Recife, Danilo Caymmi, Paulo Jobim, Vinícius Cantuária, Jackson do Pandeiro, Chico Batera, Amelinha, etc. Nesse disco Long-play, Elba grava autores paraibanos como Pedro Osmar, Zé Ramalho, Cátia de França e outros.

Elba Ramalho surge então no cenário brasileiro com grande garra, aparecendo nos grandes palcos, na televisão, e ganhando todos os espaços possíveis para uma grande carreira. O rádio tocou suas músicas em potência máxima de ponta a ponta do país. A partir daí, a cada ano, foram novos discos e cada um com excelente repertório. Os shows se multiplicaram e Elba parte também para o exterior onde ficou conhecida a partir do Festival de Montreaux, na Suiça.

Assisti Elba Ramalho desde uma pequena apresentação, produzida por Onaldo Mendes, em noite de lua, no sítio histórico do mosteiro de São Francisco, com entrada pelo bairro do Róger. Nunca mais esqueci aquela extraordinária interpretação de `Geni e o Zepellin´, de Chico Buarque. Depois disso, tive várias oportunidades de assisti-la em shows pelos estados nordestinos, também, Rio, São Paulo, e especialmente os realizados em Recife, Caruaru, Campina Grande, João Pessoa, nas épocas de Carnaval e São João.

Os shows de Elba Ramalho sempre tiveram o cuidado de produção em nível internacional. Todos naturalmente ilustrados a partir de suas raízes nordestinas, do folclore, com o colorido, os acessórios de palco, coreografia, iluminação, grupos de dança, excelentes músicos e back vocals, direção, direção musical, arranjos e repertório que agitam plateias com frevo, forró, maracatu, ciranda, baladas, etc.

Elba Ramalho tem completo domínio de palco. Em cena é uma das mais perfeitas artistas. O anúncio de seus shows é garantia de grande atração e multidões para participar e aplaudir. É conhecida hoje na Espanha, Portugal, Japão e outros países.

Certa vez, no Marco Zero do Recife, Elba cantava acompanhada por Dominguinhos, quando de repente, pisou infalso e caiu do palco, de uma altura de quase três metros, bastante para sofrer escoriações. Em menos de cinco minutos estaria de volta e continuando o show. Segundo ela, na queda se sentiu amparada por um anjo guardião que a reteve nos braços. Foi apenas um susto.

Elba Ramalho tem entre seus maiores sucessos a canção Aconchego, dos autores pernambucanos Dominguinhos e Nando Cordel, também sucesso na voz de Maria Betânia. Mas sempre soube muito bem escolher as musicas que interpreta. E, esperta e antenada que é, sempre foi, bebe na fonte dos autores nordestinos, cantando músicas de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Zé Ramalho, Lenine, Chico Science, Nando Cordel, Dominguinhos, Cátia de França, Chico César, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Morais Moreira, e muito outros. No palco é a grande estrela dançando, correndo de um para outro lado, interagindo com o público.

Elba Ramalho chega aos 70 anos e é homenageada em todo o Brasil. Não haveria de ser diferente, ela merece. Elba é consolidada em mais de quarenta anos de carreira. Ela faz parte de nossas vidas, do cancioneiro brasileiro. Elba é estrela, é força, energia. Felizes de nós que temos a consagrada Elba Ramalho e podemos cantar PARABÉNS! Vida longa Elba, muita alegria, paz e luz!


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