Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Geral

Economia Paraibana: Crítica à Retórica


13/05/2012

Foto: autor desconhecido.

O governador do Estado anunciou, com justificado júbilo, empreendimentos  básicos para a vida socioeconômica paraibana. Sua Excelência enaltece dois fatos de grande dimensão: investimentos da iniciativa privada de R$ 1,4 bilhão, em vários municípios, e investimentos do Governo Federal de R$ 2,0 bilhões. Trata-se, à primeira vista, de conquistas relevantes. Esses feitos notáveis merecem, entretanto, ser melhor analisados, até porque estão muito distantes do que a Paraíba necessita para superar a sua involução econômica relativa, no Nordeste, nas duas últimas décadas.

Para recuperar a sua posição econômica no contexto regional e nacional, o PIB da Paraíba precisa de uma década de crescimento a taxa média de 7% ao ano. O que significa 1,5% acima do correspondente incremento do PIB nordestino. Essa prosperidade requer um competente projeto de atividades conjuntas envolvendo os setores público e privado, com foco no desenvolvimento sustentável.

Em se tratando de ciência econômica, não há milagres. Para crescer 7% ao ano, a economia paraibana tem que ter uma formação bruta de capital fixo (investimentos no setor produtivo, infraestrutura, serviços básicos, etc.) equivalente a 21% do seu PIB. Para este ano de 2012, tais investimentos seriam da ordem de R$ 7,8 bilhões. O financiamento razoável das suas correlatas ações requereria R$ 4,6 bilhões da iniciativa privada e R$ 3,2 bilhões do setor público (União, Estado e Municípios).

Vale ressaltar que esses R$ 7,8 bilhões de formação de capital referem-se a investimentos concretizados. Ou seja: a) empresas privadas executando edificações e instalando sistemas produtivos, equipamentos, estrutura organizacional e operacional, etc. e b) órgãos públicos implantando, executando ou concluindo novas obras e novos serviços (estradas, portos, aeroportos, ferrovias, energia elétrica, abastecimento d’água, saneamento, escolas, hospitais, etc.). Somente assim, criando-se capacidade adicional ao sistema social de produção e aos meios de atendimento às necessidades da população, consubstanciam-se os efeitos multiplicadores dos investimentos, na geração de produto, emprego e renda. 

É forçoso esclarecer que, em linguagem econômica adequada, o nosso governador nada mais fez do anunciar investimentos em perspectiva de realização. Os das empresas privadas demandam, em média, dois anos de implantação e os do setor público, mais de três anos. Desse modo, dos aludidos empreendimentos de R$ 3,4 bilhões, devem ser materializados, neste ano de 2012, no máximo, R$ 1,0 bilhão. O que é muito pouco, diante daquela imperiosa necessidade de R$ 7,8 bilhões.   

Na Paraíba, os analistas econômicos críticos tendem a clamar no deserto. Principalmente quando alertam sobre a difícil situação da economia estadual.  O povo paraibano é quem paga a conta, distanciando-se dos padrões de vida compatíveis com progresso econômico, tecnológico, social e cultural do mundo contemporâneo.


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