Geral

ECONOMIA E MARKETING CULTURAL


27/05/2015

Foto: autor desconhecido.

          Escrevemos aqui sobre o jogo de cartas marcadas quando se refere a políticas culturais. Ou seja, contratar a peso de ouro atrações de fora em desprezo ao talento local. Financiar orquestras, bandas, festivais, etc. O mesmo velho modelo, sempre. A resposta simples poderia vir através de uma fala de Celso Furtado, o grande intelectual e economista paraibano, quando disse: “A política cultural que se limita a facilitar o consumo de bens culturais tende a ser inibitória de atividades criativas e a impor barreiras a inovação.” Em outra fala explica: “ A sociedade é que produz cultura. O Estado não pode produzi-la, nem substituir a sociedade nessa tarefa. Mas ao Estado cabe papel de animador, de difusor e promotor da democratização dos bens culturais.” Ou seja, na hora de importar, devemos negociar, vislumbrar, propor a troca, atrair e negociar, investir, promover nossa cultura, evitando engessar toda uma economia capital e submete-la apenas à colonização, muita vez também com interesses escusos.
Um exemplo disso: a contratação de artistas de fora com altos cachês e a desigualdade com rel

ação aos valores locais. Já falamos. Precisaríamos investir nos nossos artistas, exporta-los, promove-los. Criar caravanas, leva-los para feiras, festivais, etc. Simples de ver: quando Chico Cesar, Zé Ramalho, Elba, Paralamas, Lucy Alves, Gonzagas, e outros nomes cantam la fora, aparecem nos programas nacionais de televisão, a repercussão é grande e o retorno ainda maior para a imagem associada a região. A Bahia faz isso, embora Rio e São Paulo permaneçam no comando. Mas, é preciso fortalecer esse volume de horas imagem, de programação, de participação em grandes eventos aqui e la fora.
É preciso investir nas nossas empresas, marcas e produtos. Nos nossos talentos. Quando vem uma grande empresa multinacional  coloca-se à disposição os grandes bancos nacionais como o Banco do Brasil e BNDES, a Caixa,com a maior parte do capital para serem instalados os empreendimentos estrangeiros. As plantas são financiadas com dinheiro do povo, com impostos pagos pela sociedade. Então, também no campo da cultura, se o capital forinvestido nos valores locais, teríamos oportunidades imensas no cenário mundial. Produzir e exportar. Trocar, comercializar. Isso é marketing. Isso é economia e marketing cultural.

Essa leitura de Celso Furtado, se adapta muito bem aos tempos modernos, quando o Estado diante da falta de recursos técnicos, gestores despreparados (sem generalizar) e sem planejamento, entre outros; passa a abrir espaço para a parceria público privada, para dar e receber incentivos como forma de fomentar a cultura. Até porque a demanda pede tais soluções. Mas é preciso proteger, encontrar saídas responsáveis.

O Ministro da Cultura, Juca Ferreira, recentemente disse que “A economia brasileira precisa entrar na área de economias com grande valor agregado – e a economia cultural é uma possibilidade de diversificação. Se não, com a atual dependência de commodities agrícolas e minerais, a gente oscila junto com os ciclos econômicos mundiais.” Juca Ferreira busca respostas para questões ligadas a Lei Rouanet, de incentivo cultural, ao Pro Cultura, e Direitos Autorais, entre outras. É sociólogo e está atento.

Se observarmos a nossa capacidade intelectual, nossos valores nas diversas áreas da arte e cultura, somado todo o capital, teremos como produzir, ampliar e promover e comercializar, e ainda além, investir e dar sustentabilidade ao produto cultural. Teremos um capital imbatível com cinema, televisão, internet, literatura, música, dança, artes plásticas, fotografia, produções e grandes eventos, etc. Para se ter idéia, o Rock In Rio hoje se sustenta sem o governo. A Rede Globo investe e exporta seus produtos com resultado. Assim se realiza em Hollywood, com a produção cinematográfica para o mundo; Portugal, Espanha, Roma com seu acervo patrimonial histórico, França e seus museus, Inglaterra e seus festivais, e outros importantes centros culturais de repercussão mundial atraindo capital e movimentando a economia em geral.

Gil Sabino é jornalista e gestor de marketing.                                                                                                                  g.sabino@uol.com.br

 


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