Paulo Amilton

Doutor em Economia.

Economia

E mais um Pato Manco (Lame Duck) no Planalto 


05/05/2020

O presidente da República, Jair Bolsonaro

Pato Manco é uma expressão anglo saxã que denota um político que até os garçons de seu palácio não lhe têm respeito, pois servem café frio e com muita má vontade. Fernando Collor de Melo, Dilma Roussef e Michel Temer foram, nos estertores de seus governos, genuínos Patos Mancos. Enquanto Patos Mancos, seus governos geraram processos de recessão bastante significativos. Pois bem, acho que temos mais um. Vamos as minhas considerações.  

 No dia 16 de Abril do corrente ano, o Presidente da República demitiu seu ministro da saúde, senhor Luiz Henrique Mandetta. Isto já criou um rebuliço político no país. Achando pouco, o nosso mandatário maior resolve ir para uma concentração de simpatizantes com faixas pedindo a volta do AI-5 na frente do principal quartel do exército em Brasília. Quase que imediatamente, o Procurador Geral da República decide abrir um inquérito para averiguar quem organizou e financiou aquelas aglomerações.  

O sinal amarelo apareceu no Palácio do Planalto, pois existe a suspeita de que a reencarnação de Paul Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, que incorporou em Carlos Bolsonaro, estava envolvido na preparação. A Polícia Federal (PF) foi o órgão acionado para realizar as investigações. Como estamos falando em reencarnações, alguém tinha que exercer os papéis dos nazistas Heinrich Himler e Reinhart Heinrich, já que o diretor geral da PF não estava querendo exercer a função de Heinrich, muito menos o ministro da justiça o papel de Himler. Então, estes tiveram que ser defenestrados de seus lugares.  

No entanto, ninguém nas hostes do pensamento político estratégico do Planalto imaginava que o ministro da justiça também soubesse usar as mídias sociais tão bem e estivesse com vontade de chutar o pau da barraca com tanta força e determinação como fez.  Para completar, o novo ministro da saúde, senhor Nelson Teich, começou a destoar do que pensa o mandatário maior, pois afirmou que não era hora de diminuir o isolamento social por conta da escalada de mortes que está ocorrendo nos últimos dias, o que pode indicar que ele será mandado embora daqui a pouco, pois o mandatário diz que quem manda é ele.     

Tudo isto somado e misturado, implicou em consequências políticas negativas. Na câmara dos deputados existem 23 pedidos de impeachment para serem analisados. Para contrapor a este estado de coisas, o governo começou um processo de aproximação com o aglomerado de políticos da velha política denominado de Centrão, personificado nos personagens Roberto Jefferson, Paulinho da Força e ______. O curioso que mesmo movimento foi tentado por Dilma Roussef, quando exercia a função de maior mandatária do país.  Isto, evidentemente, tem consequências econômicas, pois o Centrão quer liberação de recursos públicos para a construção de obras em seus redutos eleitorais 

De novo falando em reencarnações, rapidamente o espírito de Albert Speer, arquiteto e ministro do armamento nazista, baixou nos ministros chefe da casa civil, da infraestrutura e desenvolvimento regional. Estes anunciaram, sem a presença do ministro da economia, de uma novo Plano de Aceleração do Desenvolvimento (PAC) com o nome de Plano Brasil. 

 Isto é diametralmente oposto ao que pensa o ministro da economia. É a volta do Estado como condutor do processo econômico e não o mercado, como preconiza toda a equipe econômica. O ministro da economia rapidamente sentiu o cheiro de fumaça e reagiu. A imagem mais nítida foi sua presença na audiência de resposta as denúncias do ministro da justiça. Ele estava de máscara, como defendia o ministro da saúde demitido, e sem sapatos. Como se dissesse, estou nem aí para aparências. 

Na segunda posterior, o nosso mandatário vai ao seu cercadinho com o ministro da economia e diz que quem manda na economia era o titular do ministro da economia. Isto se deveu ao fato que os empresários fizeram chegar aos ouvidos do Planalto que o ministro da justiça não foi promessa de campanha, mas o da economia foi e, sem ele, dariam adeus.     

No entanto, o mandatário avisou que qualquer ministro de seu governo que não atender os pedidos dos membros do Centrão, serão demitidos. E as ideias do Centrão e do ministério da economia no tocante a manejo do orçamento público são como água e óleo, não se misturam.  Dado a grande capacidade de nosso novo Goebbels de criar confusão, o Centrão tende a ser a eminência parda deste já moribundo governo. Ou seja, mais um Pato Manco no Planalto.                      


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