Internacional
E daí?
10/07/2025

É lamentável que agentes políticos brasileiros se mostrem tão subservientes a quem insiste em posar como o “xerife do planeta”. Ignoram o fato de que o presidente dos Estados Unidos comanda hoje um império em declínio. A mais recente investida de Donald Trump contra autoridades brasileiras reacende um debate fundamental: onde termina a soberania nacional e onde começa a ingerência internacional?
Vivemos um momento de reconstrução democrática. Não podemos nos curvar aos interesses da extrema-direita global, capitaneada por um bravateiro que representa o que há de mais retrógrado na política mundial. Apoiar as declarações de Trump — que acusa o Brasil de “perseguir politicamente” o ex-presidente que responde por tentativa de golpe — é, antes de tudo, um gesto antipatriótico. Trata-se de uma afronta direta às instituições democráticas brasileiras e à independência do nosso Judiciário.
Mais que vergonhosa, é criminosa a postura submissa de algumas lideranças nacionais diante dessa ameaça. Estamos diante de um projeto internacional bem articulado, que visa desestabilizar democracias pelo mundo. Não é mais um simples embate ideológico; é uma guerra declarada da extrema-direita contra os valores democráticos.
A resposta firme do presidente Lula à provocação de Trump reforça a posição institucional do Brasil. Já os falsos patriotas, ao aplaudirem mais essa bravata, mostram sua preferência por um país submisso, colonizado. Não aceitaremos que estrangeiros tentem transformar réus em vítimas, nem que processos legais sejam rotulados como perseguições políticas.
É preciso responder a esses ataques com inteligência e coragem. A estratégia trumpista tem um alvo claro: deslegitimar o sistema de justiça brasileiro e manter viva a narrativa golpista. O incômodo com o protagonismo internacional de Lula é evidente. O Brasil, hoje, não se ajoelha mais diante da bandeira americana. Reafirma-se soberano, com instituições sólidas e uma convicção clara: ninguém está acima da lei.
O avanço dos BRICS, agora sob a presidência de Lula e ampliado com países como Irã, Egito, Etiópia, Argentina, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, também ajuda a explicar a reação norte-americana. A 17ª Cúpula do bloco, realizada no Rio de Janeiro, foi o pano de fundo ideal para que Trump tentasse blindar seu aliado brasileiro com declarações oportunistas. Na prática, trata-se de uma tentativa de sabotar a nova configuração geopolítica que emerge como alternativa ao domínio ocidental.
A “solidariedade” a Bolsonaro é, na verdade, um recado a Lula — típico de quem não tolera perder espaço. Trump nunca foi dado à empatia; é fiel apenas aos próprios interesses. E, por isso mesmo, sua bravata não merece mais que uma pergunta, no tom já conhecido do ex-presidente que ele defende: e daí?
Nada muda. Os processos judiciais contra a tentativa de golpe seguirão seu curso. E as instituições democráticas brasileiras estão prontas para enfrentar — e derrotar — qualquer ameaça, interna ou externa, à nossa soberania.
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