Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Difícil esquecer a primeira professora


14/04/2015

Foto: autor desconhecido.

 

A primeira professora é como o primeiro beijo, a gente nunca esquece. Causou espanto a comparação? Mas, são lembranças que igualmente marcam o início de algo novo na nossa vida. A primeira professora abre as portas para o fascinante mundo do conhecimento. O primeiro beijo representa o começo de um novo tempo, voltado para o amor, as paixões, a sensualidade. Ambos são registros agradáveis nas nossas reminiscências.

Meus pais entregaram a uma parenta de minha mãe, Francisquinha César, a responsabilidade de me alfabetizar, me ensinar a ler e a escrever. Guardo com especial carinho as recordações dessa primeira experiência como estudante. Seu jeito meigo de me ajudar a segurar o lápis e desenhar as letras e os números ficou perpetuado na minha memória.

Naquele tempo não chamávamos a professora de “tia”. Isso é invenção recente. Mas talvez tenha sido isso uma forma de transformá-la em alguém da família. O tratamento de “tia” traz a simbologia de uma relação mais íntima, de alguém que substitui os pais ainda nos primeiros anos de vida. Na verdade é a primeira substituição que a criança percebe ao sair de casa. A professora assumindo o papel original de educar, iniciado pelos pais.

A primeira professora passa a ser única. Ela não se compara a nenhuma outra que encontramos durante o tempo em que perambulamos pelos diversos bancos escolares. Foi através dela que desbravamos um mundo até então desconhecido e caminhamos no rumo da busca da sabedoria. Produziu em cada um de nós o efeito de transformação que moldou nossa personalidade.

Duvido que cada um dos que estejam me lendo, não divague no pensamento, e se recorde carinhosamente desses instantes de contato com a primeira professora considerando-os especiais, peculiares. Na mente se estabelece um sentimento de profunda gratidão e de reverência por essa figura que se fez tão importante na nossa vida.
Na impossibilidade de a reencontrarmos fisicamente, que o façamos em espírito, numa silenciosa homenagem a quem acendeu a luz que nos permitiu dar os passos iniciais em direção a futuro.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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