Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Internacional

Desvarios de Trump


10/01/2025

Presidente eleito dos EUA, Donald Trump 07/01/2025 REUTERS/Carlos Barria (Foto: REUTERS/Carlos Barria)

Pode até ter sido uma das suas costumeiras bravatas, mas causou espanto a publicação do mapa dos EUA anexando o Canadá, como se fosse um só país, feito pelo presidente Trump, poucos dias antes da posse, em sua rede Truth Social. Ao conceder entrevista coletiva não negou essa sua intenção, ameaçando, para consecução desse objetivo, impor tarifa de 25 % sobre importações do Canadá, alegando, inclusive, que as duas nações são divididas territorialmente por uma linha traçada artificialmente. E disse mais: “Estamos gastando bilhões para tomar conta do Canadá”. Seu interesse é transformar o Canadá no 51º estado norte-americano.

Essa declaração chega num momento em que o Canadá vive uma crise política em razão da renúncia do seu primeiro ministro, Justin Trudeau. Claro que essa declaração repercutiu negativamente entre as lideranças políticas canadenses, que enxergam aí um desrespeito à soberania nacional. A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly, reagiu protestando: “Os comentários do presidente eleito Trump mostram uma total falta de compreensão do que faz do Canadá um país forte. Nunca recuaremos diante de ameaças”.

Na verdade, Trump não está fazendo isso em tom de brincadeira. Ele está levando a sério. Sabe que a efetivação desse desejo é praticamente impossível, mas joga no sentido de provocar uma renegociação nos acordos de livre comércio. Essa ambição de expansão territorial que alimenta não prosperará, porque acarretará graves consequências diplomáticas, resultando em fortes tensões na América do Norte.

O mais impressionante é que esse seu desvario não se restringe apenas à anexação do Canadá, mas, também, essa retórica colonialista alcança outros países vizinhos. Sugere renomear o Golfo do México, assim conhecido há mais de 400 anos, como Golfo da América. Quer tirar a Groenlândia do domínio dinamarquês e assumir o controle do Canal do Panamá, desfazendo o tratado histórico negociado por Jimmy Carter em 1970.

O presidente eleito dos EUA abre uma frente de possíveis confrontos entre territórios que coloca em xeque as relações comerciais do continente. Certamente isso produzirá reações da comunidade internacional, preocupada em conter esses avanços de uma política ultranacionalista em desrespeito ao necessário diálogo entre nações soberanas. Esse delírio é bem uma característica do perfil imperialista do presidente Trump, sempre fundamentando suas fanfarronices em informações falsas e teorias conspiratórias. O mundo tem que ficar atento para as atitudes desse desequilibrado mental, ele quer tocar fogo no planeta.


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