Alberto Arcela

Publicitário e jornalista

Cultura

De mulheres e livros


16/04/2023

Soube tardiamente ontem que a livraria Saraiva fechou por aqui. No seu lugar, está instalada provisoriamente a Leitura que passa por um processo de mudança no design de suas lojas.
Por outro lado, pièce de résistance do segmento, a Livraria do Luiz – que tinha no poeta e amigo Juca Pontes o seu maior divulgador e cliente – chegou recentemente aos cinquenta anos respirando modernidade e ocupando importante espaço no setor.
Parodiando um de meus escritores preferidos, diria até que é uma guerra lutada pelo exército de um homem só, mas nem por isso menos importante para a história da humanidade.
E é aí que entram em cena as mulheres. Ou melhor, uma mulher, que também já foi várias.
O nome dela é Colleen Hoover e nos dias de hoje é quem mais vende livros no mundo.
Dentre os seus fãs, está a minha filha, Cora, que já leu algumas de suas obras como É assim que acaba – seu maior best seller -, É assim que começa e Todas as suas imperfeições.
Só no ano passado, ela vendeu um milhão e setecentos mil livros no Brasil.
Natural dos Estados Unidos, é a maior estrela de uma nova geração de autores, que abordam temas do agrado de leitores com menos de tinta anos ou ainda mais jovens como Cora, que faz dezesseis na semana que vem.
Num passado mais distante,uma outra Cora, que era minha mãe e me apresentou à literatura em geral, lia uma outra americana de grande sucesso na sua época. O nome dela era Pearl S.Buck e lembro que sua obra mais conhecida era A boa terra. Bem mais tarde vim saber que ela fora agraciada com os prêmios Pullitzer e Nobel e que também tinha sido recordista em vendas.
Isso sem falar no gênero policial onde elas sempre foram as grandes dramas do crime. A começar por Agatha Christie, passando por Patrícia Highsmith e chegando à torre negra de P.D. James.
Refinadas e detalhistas, criaram personagens inteligentes e perspicazes que deram um sabor especial aos seus romances – muitos deles adaptados para o cinema.
O saldo disso tudo é que essas mulheres maravilhosas, de uma maneira ou de outra, sempre foram as grandes responsáveis pela permanência da literatura em nossa civilização.
Não importa a opinião da crítica.
Nada importa, aliás.
Sempre haverá uma Cora – Coralina – para escrever e muitas outras para ler.
E ainda uma Jessica – da Livraria do Luiz – para vender esse sonho.
O resto é página virada.


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