Cultura

Cultura em Alta: Gil na ABL e Repente registrado como Patrimônio Cultural do Brasil


12/11/2021

Apesar dos descasos do Governo Bolsonaro contra a cultura brasileira, a semana registrou em alta com duas excelentes notícias: A eleição de Gilberto Gil para a Academia Brasileira de Letras, e o registro da categoria musical “Repente” como Patrimônio Cultural do Brasil. São sem dúvida alguma dois importantes fatos de alta relevância.

Gilberto Gil é detentor de uma das maiores obras musicais de todos os tempos na música brasileira. Com origem no movimento tropicalista, dos anos 60, desde a época dos grandes festivais de música da televisão brasileira, quando se revelaram nomes do porte de Caetano Veloso, seu eterno parceiro, Chico Buarque de Hollanda, Geraldo Vandré, Edu Lobo, MPB4, Elis Regina, Jair Rodrigues, e muito outros grandes nomes da MPB.

A sua poesia, registrada em música abrange o cancioneiro popular do Brasil com riquíssimo repertório. Letras que falam dos parques, das favelas, dos românticos, do reggae, das desigualdades, das inovações, de traços contemporâneos de varias áreas sociais e eruditas, num passeio literário que agrega valores entre o popular e o clássico, que atendem tanto o consumidor popular como o mais sofisticado. Uma obra literária que sem dúvida o leva a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras com muito orgulho.

O Repente

Já o movimento artístico musical chamado “repente”, ensaiado nas ruas do Brasil, principalmente do Norte/Nordeste, através da cantoria de poetas repentistas, foi considerado pelo Iphan, um patrimônio cultural importante da cena popular. A 98ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural aconteceu na manhã desta quinta-feira (11), tendo como primeira pauta o registro do movimento “repente” como Patrimônio Cultural do Brasil. O pedido de registro foi efetuado em 2013, pela Associação dos Cantadores Repentistas e Escritores Populares do DF e Entorno. O Iphan, então, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo, iniciou o processo de registro oficial, que inclui a reunião da documentação relacionada e registro audiovisual, produzido em parceria com o Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB).

Durante a reunião do Conselho Consultivo, os 22 conselheiros aprovaram de forma unânime o registro do repente. Agora o repente é oficialmente um Patrimônio Cultural do Brasil. Sendo importante para a identidade cultural nordestina, é um movimento artístico musical que teve suas primeiras aparições em meados do século 19 nos estados de Pernambuco e Paraíba, segundo fontes históricas. Os registros mais antigos têm origem na Serra do Teixeira, na Paraíba.

“É motivo de grande alegria ter as rimas e os versos do repente adentrando o rol do Patrimônio Cultural do Brasil, tanto por sua importância histórica quanto pela beleza da poesia e da música da manifestação”, comemora a presidente do Iphan, Larissa Peixoto, que também preside o Conselho Consultivo. “O repente tem seu lar na região Nordeste e também noutras capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília para onde as migrações nordestinas legaram essa arte. É uma manifestação que se tornou uma das faces do Brasil”, conclui, em material de divulgação publicado pelo Correio Braziliense.

Oliveira de Panelas – o paraibano repentista internacional

O signatário deste blog e Oliveira de Panelas

Um dos maiores nomes da cantoria e do repente, o paraibano, Oliveira de Panelas, se diz “muito feliz com a notícia, porque já era de se esperar, ha muito tempo que isso acontecesse. É provavelmente muito justo o reconhecimento da poesia que tanto encanta as populações não só do Brasil, mas do mundo. Estamos de Parabéns”, declarou.

A história de Oliveira de Panelas registra alguns discos gravados ainda no formato LP, e milhares de apresentações em todo o mundo, inclusive, tendo já cantado para o Papa João Paulo, e para o Rei Roberto Carlos, além de shows em festivais pelo Brasil e exterior. É fonte viva de cultura popular brasileira.

Em tempos de destruição ditatorial de um Governo que eliminou o seu Ministério da Cultura, divulgar duas destas notícias acima é motivo para se comemorar pela força da importância e valor adquiridos e reconhecidos. Viva!


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