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CULTURA, ECONOMIA CRIATIVA E LUZ


25/10/2015

Foto: autor desconhecido.

     Temos conversado com artistas, produtores, empresários, gestores de cultura, e muito outras pessoas criativas, inteligentes, empreendedoras, dispostas a não cruzar os braços diante da crise. Por outro lado lamentamos os cancelamentos do Cinecabeça, em Recife, e do MIMO, em Olinda, e a ameaça ao X Festival Aruanda, aqui na Paraíba, e outros eventos.

Visitamos restaurantes, cafés, teatros, galerias, cinemas, shoppings, espaços culturais. Há em todos estes lugares a participação de diversos públicos. Desde os vendedores ambulantes, seus CDs e DVDs piratas, tabuleiros de confeito e balas, cigarros, e outros produtos da economia informal; até os próprios ambientes internos onde são encontrados refrigerantes e pipocas a preços de chocar o consumidor. Mas, está tudo lá, sendo consumido. A nossa é uma visão que convida a repensar o mercado. Refiro especificamente sobre o mercado cultural.

Lau Siqueira, poeta e Secretário de Cultura da Paraíba, nos provoca a um debate: – Em tempos de crise, como gerir cultura sem recursos? A pergunta fica rodando a minha cabeça. Continuo a minha caminhada… Vejo hoje com a ótica da experiência, do empreender criativo, da gestão de marketing para buscar recursos, soluções, saídas, resultados. Vejo o Rock in Rio, o Cirque de Solei, as grandes bienais de livros e artes, e mais um calendário de eventos e a pergunta continua… Vou em frente. Provoco diálogos. Acredito que há dinheiro circulando, que nossos artistas não param de criar, produzir, etc.

A expressão Economia Criativa me remete uma sensação como que sendo muito mais uma palavra de uso da moda, do que propriamente resultado, valor. Palavra que com o tempo acaba se perdendo. Mesmo assim, busco compreender como tudo isso funciona. Consulto especialistas…
Para entender o que se passa e buscar fontes adequadas, penso: pessoas significam capital humano, e seus experimentos profissionais, e artistas e outros geram conteúdo e atraem consumidores, e com isso criam-se novos mercados, novas perspectivas. Assim, os eventos agregam valores e tornam-se produtos para atrair investimentos. Investimentos veem através de fontes como bancos, investidores, agências de fomento, fundos capitais. Mas como captar recursos? O que fazer, o que oferecer, que moeda usar para troca senão uma potencial e criativa, capaz de atrair tais recursos? O produto continua sendo a arte. Como atrair recurso para investir em equipamentos, que ferramentas usar, como subsidiar a arte, como trabalhar essa economia?

Acredito que a resposta pode vir de várias formas, de moedas de troca, de inovação, de associações entre artistas, de cooperativas, da criação de fundos para investimentos culturais privados e em parceria com instituições, e até com empresas do setor privado. Imaginamos a criação de mecanismos que venham atender ao que chamo de gestão profissional do produto artístico, para organizar, capacitar, criar, produzir, propor, negociar, descentralizar, ampliar o espectro da cultura.

Imaginamos uma grande agenda: produzir conteúdos, eventos, utilizar ferramentas, criar fluxos financeiros de caixa para investimento, participação acionária, desenvolver projetos inovadores. Enfim, de forma que a cultura seja sempre recriada, tenha modelos próprios criativos e encontre a luz do fim do túnel.

* Aí, Viva o Varadouro Cultural, salve a Energisa, aplauso para a Funesc, olhos atentos para a produção da Parahybólica, e vamos ao CAMPUS Festival… É isso. Voltaremos ao assunto.

Gil Sabino é jornalista, gestor de marketing e Diretor de Cultura da API.
g.sabino@uol.com.br


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