Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Saúde

Covid-19: SUS e profissionais da saúde salvam o brasil de catástrofe


22/06/2020

Foto: Agência Brasil

Entre os países mais afetados pela atual pandemia, quatro se destacam, quanto à ineficiência defensiva, a partir das datas da primeira morte por COVID-19: Itália 21. 02.20, EUA 26.02.20, Espanha 05.03.20 e Brasil 17.03.20. Mas o maior fiasco é do nosso país. O custo humano e socioeconômico já é muito alto e vai ser bem maior.

Faltou ao Brasil uma atuação sistêmica coordenada pelo governo federal, integrando suas ações e as dos governos estaduais e municipais. A missão possível era vencer o coronavirus no primeiro mês de sua proliferação, com isolamento social radical. O isolamento feito, sob ordens dúbias e confusas, só alcançou cerca 55% da população. Assim, o vírus vem tendo atuação devastadora de longa duração, que seria evitável.

Essa ineficiência levou o país a ter muitos mortos e uma legião de pessoas infectadas e alarmadas com a pandemia. Esses impactos, concentrados em apenas três meses, prenunciavam o caos sanitário e social. Isso não ocorreu devido, basicamente, à competência e dedicação do sistema de Sistema Único de Saúde (SUS) e dos profissionais da saúde.

O coronavírus chegou ao Brasil, depois de proliferar em vários países. A China já havia demonstrado como vencer rápido a pandemia. Itália, Espanha e EUA demonstravam o contrário. O Poder Público brasileiro foi negligente, ao adotar uma versão piorada desses três últimos países, nas suas políticas e ações de combate à crise pandêmica. Os resultados são lamentáveis.

Em números absolutos de casos, o Brasil está no desonroso e destacado segundo lugar mundial, com mais de 1,08 milhão de pessoas infectadas e 50,6 mil mortas pela COVID-19. Em relação à sua população (110 milhões de habs.), esses dados são superiores aos das Espanha (47 milhões de habs.) e Itália (61 mílhões e habs.) e inferiores aos dos EUA (330 milhões de habs.), mas tendem a superá-los.

A situação do Brasil não é mais trágica graças à capacidade operacional nacional do SUS e ao amor a causa e eficiência dos profissionais da saúde. Se a sua taxa de mortes/infectados fosse igual à média dos EUA, Itália e Espanha, o seu total de mortos teria sido de 72 mil, em 21.06.20, com 21 mil a mais do que foi. Mas, no fim do mês, o Brasil terá quase 1,4 milhão de pessoas infectadas e 60 mil mortas por coronavírus.

É doloroso ver que o Brasil, após 96 dias da primeira morte de causa COVID-19, tenha taxas diárias de aumento, média últimos 4 dias, de 3,1%, para os casos de infecção, e 2,2% para os de morte. Em igual prazo, essas taxas foram 1,2% e 0,9%, nos EUA, 0,1%, e 0,2%, na Itália, e 0,1% e 0% na Espanha.

Para o Brasil, dadas as suas ainda altas taxas de infecção e morte, é muito temeroso sair do isolamento antipandemia. Assim vêm fazendo Espanha e Itália, mas depois de terem a pandemia quase vencida. Nosso país está longe disso, infelizmente. É provável que só no final do mês julho chegue a resultados razoáveis no controle da COVID-19.


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