Geral
Contra a maré pessimista
20/01/2015
Foto: autor desconhecido.
A idéia de que a economia brasileira terá um ano de recessão e altos níveis desemprego e taxa de juros é aceita por muitos economistas. Não sei de onde tiraram tanta certeza e exatidão analítica. Aliás, previsões análogas, em muitos janeiros anteriores, não se confirmaram.
Desde a crise de 2008, os enigmas econômico-financeiros nacionais e mundiais tornaram-se mais complexos e indecifráveis. A incerteza passou a ser a regra. Pode-se, portanto, ter perspectivas distintas. No Brasil, há analistas pessimistas demais, por isso quero fundamentar um contraponto otimista.
E preciso evitar duas visões equivocadas ou de má fé sobre a atual situação brasileira: a) que ela se deve apenas a erros do Governo na condução da economia e b) que a austeridade fiscal-monetária da equipe econômica (Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini) vai ser a salvação do país.
Os aspectos positivos da austeridade do ministro da Fazenda Joaquin Levy qualquer pessoa sabe. É claro que se o Governo reduzir as despesas e aumentar as receitas vai equilibrar ou tornar superavitário o seu orçamento. O difícil é saber o que virá além desse resultado aritmético e contábil-financeiro.
Esse ajustamento fiscal reduzirá a demanda interna por bens e serviços. O que pode ser agravado por juros altos e redução do crédito pelos bancos oficiais. O grande mérito dessa política ocorrerá se o Governo aumentar sua poupança e transformá-la em investimentos.
A disciplina fiscal não pode servir apenas para pagar juros da divida pública. O déficit orçamentário vai cair dos atuais 5,2% do PIB. É possível gerar, em 2015, um superávit primário de 1,2% do PIB e novos investimentos públicos em infraestrutura equivalentes a 1,2% do PIB. Isso é compatível com a queda inflação e da taxa básica de juros.
Com esse cenário factível, o normal é a retomada dos investimentos produtivos do setor privado. O que poderá ocorrer, de forma significativa, a partir do início do segundo semestre. A economia brasileira contará com efeitos da economia mundial bem mais favoráveis do que em 2014.
A economia dos EUA crescerá mais do que no ano passado. As da China e da Índia também. A Europa sairá da estagnação. O Japão não repetirá a recessão. Temos aí um conjunto de países que respondem por mais de 70% do PIB mundial. Em 2015, espera-se um crescimento econômico global de 3,5%; em 2014 foi de 2,7%.
O PIB do Brasil pode crescer até 1,5%, em 2015. Mas isso não depende só do setor público. O Governo já começou a cumprir a sua parte. A iniciativa privada terá que fazer a sua, com mais investimentos e ganhos de produtividade. Até porque terá um quadro bem melhor de estabilidade fiscal-monetária, previsibilidade e competitividade, como incentivo eficiente ao mundo dos negócios.
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