Para Petrônio Souto; Ivan Thomaz e Wellington Pereira (in memorian)

A história da Rádio Tabajara com sede em João Pessoa, convive com estrutura diferenciada já há algum tempo a partir, sobretudo e ultimamente, da implantação da EPC – Empresa Paraibana de Comunicação.

Mas, lá atrás, em 1995, por exemplo, a emissora precisou conviver tendo nova gestão sob o comando do então superintendente Petronio Souto na nossa condução de Secretário de Comunicação de Estado inaugurando novo modelo e foco de projeto.

Objetivamente, a rádio estabeleceu interligação por satélite com “A Voz América” e BBC de Londres, transmitindo ainda um boletim semanal, em conexão com a Rádio de Havana – Cuba. Assim a Paraíba passou a integrar o “circuito internacional da notícia”. Tudo via Satélite. Pela primeira vez, uma emissora da Paraíba tinha diálogo internacional.

Vamos precisar relembrar: De 1995 em diante, sob o governo de Antônio Mariz, a Tabajara desempenhou forma e estrutura diferenciada ao ingressar no SINRED – Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa, liderado pela Rádio MEC. Também não descuidou da produção artística local privilegiando artistas paraibanos em sua programação musical, e adotando o slogan Cultura e Informação.

A rádio ganhou projeção nacional, sendo convidada pela Rádio Nacional de Brasília para gerar um programa semanal para as Forças de Paz da ONU, em Angola, que no momento eram formadas por soldados de unidades militares baseadas no Nordeste, sob o comando do general Hamilton Mourão. O programa local era apresentado por Lenílson Guedes e tinha algumas participações de próprio Petrônio.

A rádio caiu no gosto dos nossos conterrâneos, lá em Angola, e chegou a organizar um grupo de artistas paraibanos para fazer dois shows em Angola. Um em Luanda e outro em Lobito, no Natal e Ano-Novo. Na ocasião, o Estado-Maior do Exército, com o apoio da Fundação Banco do Brasil, viabilizou transporte e hospedagem para os nossos artistas, eventos frustrados pela intensificação dos combates entre os guerrilheiros da UNITA e forças do MPLA, até hoje governando o país.

Neste ano, chegamos a participar de simpósio convocado Ministério da Educação, em São Paulo, para acelerar a radiodifusão educativa. De quebra, fomos as Estúdio MOSH para acompanhar o lançamento do CD de Itamar Assunção, também em Sampa.

Esta síntese, da gestão liderada por Petronio Souto e durante o tempo em que estive secretário de Comunicação, permitiu construir as condições da emissora de se preparar para ter o canal FM como se consolidou, posto que antes o dial era só de exploração em AM. A Rádio Tabajara então passou a ter a partir de 1995 em diante identidade com valores vinculados ao sistema de educação via sinal radiofônico atraindo diálogos com a EBC e até o Ministério da Educação para discutir a transmissão regular de programas educativos na programação normal da emissora, que pararam com a morte de Mariz.

MADE IN PB

Nesta fase, lembro que nos reunimos por algumas vezes com os programadores musicais da Tabajara recomendando a importância de valorizar a produção dos artistas paraibanos fincando raízes do que há tempo a emissora apresenta abrigando música de paraibanos. Era tempo de guerra com o Jabá das gravadoras…

À época, lembro ainda que quando tocavam “Aos Vivos” ou “Mama África”, de Chico Cesar, por exemplo, a turma de programadores invariavelmente comentava entre si: “toca o melô do WS”. O fato é que a gestão de Petronio Souto contribuiu com novos ares até produzindo articulação junto à FAB para gerarmos um intercâmbio artístico – musical com Angola levando nossos artistas e trazendo-os visando shows lá e cá.

Infelizmente, como disse, uma crise institucional no país africano implodiu as negociações. Como se vê, a Rádio Tabajara abriga fases históricas de muita importância, a exemplo da atualidade. Entretanto, para chegar ao nivel do tempo presente houveram várias contribuições especiais. Eis o resumo da ópera.

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“Cada um / dá o que tem”