Geral
Collor again, ainda RC e a Pedra do Reino
09/06/2007
RIO – Estive presente, ao vivo, e vi com meus próprios olhos, que o senador Fernando Collor se mantém com semblante e silhueta, enquanto referência política tomando por base a condição de presidente da República, reproduzindo mesmo sotaque e olhar, mas seu raciocínio sobre o mundo apresenta novos valores.
Não sei se a índole do ex-presidente mudou, mas a longa fase de dor seguramente deve ter-lhe produzido mais do que amadurecimento, raciocínio e postura muito além do que ele representou lá atrás. Como diz a canção, a dor ensina a gemer.
Pela primeira vez, desde que assumiu o Senado, ele foi objetivo na pergunta repetida feita sobre possível candidatura à presidência na sucessão de Lula. Mais taxativo, ele respondeu, que não. Por tudo que representa pode até ser jogo de cena, mesmo assim a serenidade da resposta conduziu à leitura externa de verdade pessoal desta conjuntura.
Essa, contudo, não é a vontade do PTB muito menos de seu presidente Roberto Jefferson, mas isso foi o que restou de saldo da passagem do senador da República.
Collor deparou-se com uma Paraíba inquieta quinze anos depois, com um cenário econômico de onda para melhor, embora faltando muito para fazer. No geral, a sociedade acompanhou a tudo com certa mudez, menos para um grupo pequenos de estudantes como sempre autores da inconformação e da rebeldia indispensáveis no que eles representam.
À exceção de Pedro Medeiros, na mesa principal ao lado do timoneiro Armando Abílio, poucos aliados de sempre foram vistos. Nem mesmo o ousado Ivan Burity, que insurgiu-se contra seu tio/então patrono político estava na mesa principal. Mas a festa no Teatro Paulo Pontes teve status à altura do personagem com uma platéia de meia casa para cima bem para cima, sem aquela loucura de tempos atrás.
O senador e ex-presidente se apresentou com semblante altivo, de palavras no mesmo vibrato de antes, mas com a inserção de muitas outras preocupações, especialmente na direção do Parlamentarismo como sistema de governo mais estável para todos os tempos de nossa República.
Trocando em miúdos, como dizem os garotos do bairro da Torre, para Collor foi um bom teste com saldo positivo ao final dessa primeira fase da maratona política.
Atraso e pimenta depois
O senador Collor chegou por volta das 9h46. Estava previsto para estar no Paulo Pontes às 8h00, mas atrasou no vôo de jato particular de Maceió até aqui.
Foi chegando e logo adentrou-se ao teatro onde estava a platéia à sua espera, mais a Imprensa ávida por conversar com o ex-presidente.
Nesse ínterim, lá fora do teatro a zoada começou a esquentar com tambores e palavras de ordem por parte dos estudantes.
Em sendo assim, guarnições da Polícia Militar foram acionadas e dispersaram os barulhentos jovens na base de spray de pimenta.
Depois disso, a concentração se fez.
Erros ou opções
Quando pensou e decidiu em ir à Paraíba, Collor poderia ter tido uma representação presente, bem maior do que aconteceu.
É que algumas figuras, como Lafayette Coutinho, Ipojuca Pontes, Josélio Gondim eaté ex-deputados federais como Evaldo Gonçalves poderiam ter sido convocados mas com trato de gente grande e importante não da forma posta.
Seguramente, Collor desperdiçou momento muito momento de sua vida bem acima da coisa animadora do que viu.
Ele fugiu dos aliados reais da hora mais difícil, talvez decidido a construir outra galera.
Ricardo, Durval e a relação com a Câmara
A crise produzida com a inclusa sessão para sacramentação da MP dos Agentes de Saúde expôs novamente um traço preocupante em torno do prefeito Ricardo Coutinho a intolerância e busca de caminhos duros e difíceis na construção das soluções.
Foi o que aconteceu na quarta-feira, à tarde, na reunião na Secretaria de Planejamento quando a base aliada admitiu e tratou da deposição do atual presidente da Câmara, Durval Ferreira, por ele ter retirado a matéria de pauta depois que o Conselho de Saúde validou o concurso anterior na fase de Cícero Lucena e a matéria impetrada no STJ continua sem uma sentença definitiva.
É certo que Durval elegeu-se a contra-gosto de RC e é fruto de sua habilidade pessoal, mesmo assim, em qualquer condição ele sempre se postou sereno e parceiro do Governo RC, portanto, a proposta chegou como descabida, insensata e geradora de nova crise do digno prefeito com a Câmara.
Como se não bastassem as desavenças de aliados como Benilton Lucena e Luciano Cartaxo ainda assim parte para a estratégia apressada, errada, do tipo tiro no pé.
De fato, Ricardo precisa rever a mania de viver em crise com os vereadores.
A Paraíba na cena nacional
A partir de domingo, a Paraíba volta a ocupar espaços nobres na midia nacional por conta da sua cultura, melhor dizendo, de seus artistas inigualáveis. Por tantos fatores aceitei o convite do governador Cássio Cunha Lima para estar presente no lançamento da minissérie Pedra do Reino, outra obra prima do genial Ariano Suassuna.
O valor simbólico da obra e a capacidade incomum da teledramaturgia da Rede Globo de produzir mitos para a TV e as demais modalidades de artes cênicas, não são maiores do contentamento em saber que na microssérie para mim, mais importante, foi constatar a presença fortíssima de um monte de paraibanos na produção global.
Além do mais, gente como Luiz Carlos Vasconcelos, Marcelia Cartaxo, Soia Lira, Servilio e a grande novidade Mainara Neiva orgulha a todos.
Última
Paraiba, meu amor/ eu estava de saida/
Mas eu vou ficar…
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