Geral
Collor: 15 anos depois
07/06/2007
Foto: autor desconhecido.
O fato político mais importante da Paraíba nesta sexta-feira traz como principal personagem a figura emblemática do senador Fernando Collor, ex-presidente da República, para receber da Assembléia Legislativa a honraria de Cidadão Paraibano uma propositura do deputado estadual Pedro Medeiros.
É a segunda vez que Collor chega ao Estado depois de sua deposição do Governo, em 1992, no famoso Impeachment registrado na metade de seu mandato -, posto que aqui estivera prestigiando o jornalista Josélio Gondim, outro confesso admirador do senador / ex-presidente.
Antes de hoje, uns quinze dias atrás, os bastidores políticos se inquietaram com abordagem feita pelo jornalista Rubens Nóbrega aventando a possibilidade de manifestações de rua contra o ex-presidente, por contra entre outras coisas, pelo fechamento do Paraiban, banco do estado que reabriu depois e hoje está nas mãos do capital privado, vide ABN Amro.
Depois dessa manifestação vieram outras, a partir do PT ( ex-algoz do ex-presidente) afirmando que não partiria da legenda essa postura, pois tratava Collor como aliado do presidente Lula. Próximos do PSB – leia-se prefeito Ricardo Coutinho disseram a mesma coisa gerando projeção de que dessas vertentes esquerdistas não haverá tratamento despudorado.
Independentemente de pormenores dos bastidores, as maiores reflexões sobre a inserção de Collor no contexto político nacional com efeitos na Paraíba passam necessariamente por outros parâmetros até porque o Brasil, a Esquerda e o senador mudaram bastante, embora não se saiba ainda claramente até onde chegará essa mudança, posto que Fora FMI, Moratória Já, Fora FHC, etc, há tempo saíram do cardápio esquerdista, sobretudo depois da ascensão ao Poder na relação com a sociedade. E de Collor a arrogância(repito) também.
A dados desta quinta-feira, a questão é única a saber: como Collor deverá ser tratado pela sociedade paraibana, além dos amigos e aliados de antes? Aliás, este será um belo teste daqui para frente na rota do parlamentar, que, lá com seus botões, deve pensar um dia em colocar seu nome novamente ao crivo dos brasileiros.
Aliás, no caso de agora da recepção em si ao senador – a civilidade impõe formas adequadas ao seu acatamento com o respeito que toda autoridade merece.
Isso não tem a ver com o passado, em ignorar o mais grave de tudo que foi o confisco da poupança e dinheiro nacional nem dos problemas geradores antes do Impeachment seguramente uma Fichinha se comparado aos escândalos pós-Collor, não só agora com Lula, da mesma forma que com Itamar e FHC nesse ultimo caso, tudo encoberto.
O fechamento do Paraiban como quesito contrário à presença de Collor, mesmo com as demissões existentes à época, não são mais tão fortes para agressões, até porque tempos depois de reaberto o banco foi vendido levando funcionários ao desemprego sem interferência do ex-presidente, e sim de lideres reconhecidos locais, como o senador Maranhão, portanto, Collor não é a cara do mal apenas nesse contexto de venda bancária.
E explico: somente tempos depois é que se soube da interferência positiva do presidente para resolver um abacaxi dos grandes no Governo Burity, que xingou demais Collor, mas foi beneficiado com medidas emergenciais para receber muito dinheiro em momento no qual o Governo paraibano não podia porque estava inadimplente, isto é, não pagava o que devia e o sistema financeiro resolveu bloquear as contas.
Mas, nesse tempo, existia uma figura paraibana de relevo nacional chamado Lafayette Coutinho, capaz e operacional de resultados, que construiu de forma clara mecanismos que junto ao Tesouro Nacional foram pagos R$ 500 milhões (à época – cruzeiros) para, na seqüência, via CEF, ser liberado algo em torno de R$ 12 bilhões, que serviram de compensação na construção de vultosas obras, sobretudo em João Pessoa.
Além do mais, como a Coluna levantou, Collor chega tomado por novas lutas contemporâneas necessárias, a exemplo da defesa ambiental e do parlamentarismo regime de governo adotado em muitos paises civilizados para atenuar crises agudas, algumas vividas recentemente com Lula, antes com FHC e ele próprio.
Em síntese, conheço de perto o significado da era Collor, causas e efeitos de sua deposição, tanto que hoje compreendo ter sido sua arrogância e a péssima interlocução com o Congresso, além da intolerância diante da grande midia fatores para seu afastamento, que poderiam ter sido estancados isso se comparado com o que se seguiu na seqüência de Itamar, FHC e Lula porque muito pior manteve seus sucessores.
Tal conceito não deleta as lutas contra ele e tudo o que se efetivou, mas os tempos seguintes reveleram que o Brasil está amadurecido para encarar crises institucionais, dentre tantas as que Collor produziu em escala bem menor que de seus sucessores o que não o exime de culpa, mas lhe faz ter condições de olhar nos olhos de quem tanto o criticou.
Por isso, a estada na Paraíba é uma recomposição com a história, que não apaga os fatos e seus efeitos, mas pode servir de esteio para primeiros passos de uma nova trajetória política no Pais diante do nivelamento nacional.
Cadê Lafa?
Os ruídos que chegam à Coluna conduzem ao entendimento de que o senador Collor está desejoso de rever alguns de seus aliados de todas as horas, como ex-comunista e ex-deputado federal Ivan Burity.
É injusto, contudo, toda a organização e o próprio Collor ignorarem a figura especial de Lafayette Coutinho hoje punido pela vinculação do passado, mas ignorado por esse passado no presente.
A história, contudo, um dia fará justiça a Lafayette um dos mais competentes executivos do País. Collor de hoje não vê isso.
Mas, Lafa como sempre foi tratado na intimidade se prepara para novos vôos firmes.
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