Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Geral

Cícero: prisão, causa e conseqüência


22/07/2005

Foto: autor desconhecido.

A prisão do ex-ministro, ex-governador e ex-prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, sob argumento de necessidade legal para identificar supostos desvios na ordem de R$ 12,4 milhões quebrou, como jamais se imaginaria, um paradigma antigo de que prisão de gente importante jamais se efetivaria entre nós, sobretudo com a dimensão do também presidente do PSDB.

Para compreensão de um assunto delicado, mas real, não é possível chegar a um entendimento menos conflituoso se não for levando em conta vários fatores e valores envolvidos na questão. É aquela velha história: a dor só é maior quando bate à porta, quando não, tudo é normal na casa do vizinho.

A partir do ponto-de-vista pessoal, é difícil imaginar Cícero, por sua índole, jeito solidário, enquadrado numa norma policial, preso, privado da liberdade e ensaiado para o grande público como desonesto pelo que a mídia produz de repercussão. O fato consequente, entretanto, se enquadra dentro de outros aspectos que ele, os amigos e o bom senso produzem como verdadeira, que é a dor pela forma como tudo aconteceu.

Abstraindo o sentimentalismo comum em ambiente onde o conhecimento entre as pessoas faz nosso muro baixo, a prisão precisa ser enxergada além do discurso bem elaborado de transferir a Operação à desqualificação da CGU (Controladoria Geral da União) e a conflitos partidários a partir da crise nacional entre Governo e Oposição.

É difícil admitir, mas a CGU não parece ter agido com sopro e influência partidária, porquanto foi provocada pelo Ministério Público Federal várias vezes instado a se pronunciar sobre acusações, depois comprovadas, de que haviam procedimentos irregulares no “modus operandi” de convênios, através de instrumentos viciados.

Desde o ano passado, quando começaram a pipocar as primeiras denúncias, que o ex-prefeito tratou a série de indicativos de problemas com o MPF sem a devida atenção redobrada, triplicada, como se nada viesse a acontecer à sua pessoa. Só, ultimamente, contratou Banca de Advogados em Brasília, mas já parecia tarde, mesmo com as convocações do MPF para apresentar defesa aos convênios glosados.

O argumento central de Cícero é dispor de pronunciamento do TCU considerando que a norma aplicada para repicar os convênios não trouxe prejuízos à União, entendimento esse questionado pelo Ministério Público e, mais na frente pela CGU, porque as auditorias apontam para a existência de R$ 12,4 milhões sem a aplicação, que o ex-prefeito diz ter sido feita.

Trocando em miúdos, a solidariedade emprestada ao ex-prefeito, não é suficiente para achar que só a tática política de querer misturar este caso com as denúncias nacionais será suficiente para resolver a questão porque o problema maior ainda está na esfera contábil-financeira, muito mais do que a acusação na direção do presidente Lula, que nada tem a ver com o processo.

O PSDB, o PFL, os opositores ao Governo Federal podem dizer tudo, mas a solução do problema está mesmo na esfera municipal a merecer esclarecimento específico.

Como saldo, além da dor, Cícero sai do processo afetado, mais na índole do que na reanimação política dos aliados, entretanto, o caso pode lhe render apuros se não tratado devidamente e perdas eleitorais em nível jamais imaginado.

Fora do governo

Cícero tomou uma decisão especial durante a manhã de ontem, que foi entregar o cargo de Secretário de Planejamento ao governador Cássio Cunha Lima temendo respingos no plano estadual.

No final da tarde, o Secretário de Comunicação, Sólon Benevides, disse no programa Abra o Jogo, na 100.5 FM, explicou que apesar de lamentar a decisão, Cássio acatou a entrega.

Prestigio tucano

A presença do líder do PSDB no Senado, Artur Virgilio, em visita pessoal ao ex-prefeito, na noite desta quinta-feira, em João Pessoa, deu caráter de prestigio acumulado por Cícero junto à cúpula nacional.

Além do mais, Virgilio, ACM, Efraim Morais fizeram pronunciamentos no Senado condenando a prisão.

A reação de Maranhão e Ney

Os senadores José Maranhão e Ney Suassuna foram brandos e contemplativos com o caso. Ney solidarizou-se com a família no quesito da relação humana, sem entrar no mérito da questão, enquanto Maranhão aparteou Virgilio lembrando que o PSDB paraibano tem tido prestigio junto ao Governo Lula.

No caso de Ney, a situação teve condição especial porque alguns aliados de Cícero acusavam o pemedebista de incrementar a ação da CGU, embora a Controlodaria jure não admitir influencia política de ninguém.

Fala da CGU

O Sub-Controlador Geral da União, Jorge Hegid, atendeu a convite da produção do programa Abra o Jogo e ligou ontem para explicar que a CGU não sofreu influência política para concluir pela existência de irregularidades em convênios quando da gestão Cícero.

Ele assegurou que o processo foi provocado ano passado pelo Ministério Público Federal, por isso improcede a vinculação com denúncias no plano federal envolvendo o PT.

Portal referência

O WSCOM Online ficou for do ar até às 13 horas de ontem gerando muita especulação e dezenas de ligações e e-mails de pessoas interessadas em querer saber o que estava acontecendo. Circulou até que houve boicote.

O fato é que o Portal tem crescido continuamente e tem gerado quedas no servidor em São Paulo.

Ontem, o numero de acessos chegou a patamares de gente grande.

Umas & Outras

…A PF pode chamar o secretário Fred Pitanga pra novos esclarecimentos sobre a construção da calçadinha do Cabo Branco.

…Cicero não estava em casa quando a PF chegou às 6 horas para cumprir mandado de prisão e apreeensões.

…Dois notebooks foram apreendidos na residência do ex-prefeito.

…O governador acompanhou todo o processo de seu apartamento, em João Pessoa.

…Tristeza na família de Djalma Oliveira, marido de Alaíde (mana) e pai de Sandra e Elisangela, primas queridas. Ontem, foi tarde de convocação de Deus para o andar de cima. Hoje, a partir das 15 horas, o sepultamento do andarilho do bem.

…A prisão temporária é de 5 dias, mas advogados tentam tirar hoje Cícero da detenção especial.

Ultima

“Quem é do mar/ não enjoa…”


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