Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Geral

Carnaval: a indústria cultural, o modismo e as ruas


15/02/2015

Foto: autor desconhecido.

{arquivo}Mais uma vez, o Carnaval e sua fase Pré construída como alternativa em várias cidades, entre elas João Pessoa, mostra que o Brasil de ponta a ponta é um País que sabe conviver com a diversão nos seus vários níveis, mesmo com concentração de renda e o comando da Indústria Cultural em algumas bases geográficas ( Rio, SP, Salvador e Recife/Olinda), mas nada é mais singular do que a iniciativa popular de ir às ruas.

O Carnaval do Brasil vai muito além da Marques do Sapucai, do Sambódromo de São Paulo, de Ondina em Salvador e da espetacular cobertura noturna desses modelos de atrair e movimentar alto Capital, até porque o foco não é exclusivamente a arte das escolas e blocos, mas a indústria cultural a envolver milhões de dólares.

NOS 30 ANOS DO AXÉ

{arquivo}Vivemos em 2015 a celebração de 30 anos do Axé – movimento/estilo musical que está no Divã sem reproduzir mais novos nomes de relevância com repertório banal e recorrente aos sucessos do passado.

A rigor, a Indústria Cultural também não consegue construir e/ou apresentar ao mercado brasileiro novidades no Frevo, por exemplo, que para se manter e sobreviver pujante precisa recorrer aos sucessos do passado.

O NOSSO UMBIGO

{arquivo}Na Paraiba, em João Pessoa, particularmente nosso carnaval se divide na fase Pré, através do Folia de Rua – manifestação que melhor reproduz a iniciativa popular, e no Carnaval Tradição.

Nem precisa ser reconhecido Cientista Político da UFPB, mas já há um processo merecendo reoxinegação porque o projeto merece incremento para não se restringir e sim se expandir com estratégias mais abrangentes, mais inclusivas e menos dependente.

No Caso do "Carnaval Tradição" é de se indagar quando, um dia, teremos muito mais do que heroismo de meia dúzia de abnegados do carnaval para estarmos diante de uma estrutura mais decente à altura dessa gente de valor.

E tudo passa pelo vil metal que, como diz o mano Caetano, "ergue e destrói coisas belas". Tem organização de base em si, mas estes são outros quinhentos. Nada, contudo, reduz o apoio da Prefeitura sem o qual o Desfile sequer aconteceria.

FOLIA DE RUA 2015

{arquivo}O Folia de Rua 2015 como novidade fez registrar que o Picolé de Manga no Corredor da Folia entrou definitamente para a dimensão dos poucos Blocos de grande concentração popular. Inseriu atrações no Topo do Play List, a exemplo de Gustavo Lima,  atraindo multidão numa versão neste ano em que Muriçocas e Virgens de Tambaú tiveram redução de público.

Aliás, o Camarote da Folia foi uma boa nova, da mesma forma que esse circuito em si. Bacana, estamos chegando.

O Cafuçu se manteve no Centro Histórico autêntico servindo de referência inusitada, mesmo que não seja um bloco a disputar grandes platéias, mesmo as tendo.

ALÉM DO CORREDOR

{arquivo}Mas, se o assunto é Centro Histórico, certamente depois de Momo se faz indispensável repensar e rediscutir a ocupação desta área fundamental para o culto à memória e, sobretudo, a manutenção de novos Polos musicais, que não só Frevo e Axé, porque a diversidade cultural da cidade já comporta esta miscigenação musical.

Esvaziar o Centro é reduzir nossa Cultura enquanto manifestação artistica de uma cidade rica nesse particular. Precisamos chamar para mais perto todas as tribos e seus caciques ou indios para celebrar vida numa perspectiva também de sobrevivencia da classe artistitica.

NAS RUAS

{arquivo}Sem que se apercebam, eis que os bairros e Centro insistem em produzir opções de qualidade. O bloco "Raparigas do Chico", no Sebo Cultural mantido heroicamente por Heriberto Coelho, por exemplo, traduz esta nova tendência, como se dá no Rio de Janeiro com os blocos de rua invandindo o Centro da cidade e os bairros chiques como Ipanema e Leblon diante de multidões a perder de vista.

Outros blocos, como Viúvas da Torre, Acorde Miramar, Piabas – estas dando o tom sofisticado e simples de reencontrar amigos -, etc, fazem parte da renovação de valores. Tem mais: a resistência do debilitado Azul Azul, o endiabrado "Maluco Beleza", Confete e Serpentina – com eles sobrevive a esperança do CH.

Acho até bobagem da organização das "Raparigas" não permitir que se toque músicas de outros artistas, posto só de Chico, até porque nada vai tirar o brilho e foco do bloco quando precisamos ter frevos e outros artistas por perto.

EM SINTESE

{arquivo}A irreverência é algo importante a ser incorporado e tratado como elemento indispensável porque sem as marchihas e as canções críticas da conjuntura, mexendo lá com quem for, certamente perdemos uma oportunidade para zombar de nós mesmo e da realidade que nem sempre anda de bem com nossos bolsos.

O Carnaval de 2015 chega assim permitindo todos os gostos até para quem por opção qualquer prefere estar ausente.

ULTIMA

"A nossa vida é um carnaval/
A gente brinca escondendo a dor…"


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