Política
Campanha eleitoral: como driblar o efeito bolha e a falsa sensação de vitória
30/09/2024
Um perfil lotado de seguidores com um alto índice de engajamento é tudo o que um cidadão que busca a vida pública no meio político pode desejar, correto? Errado! Nem sempre um perfil cheio e um bom engajamento refletem a realidade das urnas.
Essa sensação, influenciada diretamente pelo “efeito bolha”, que vamos explicar mais à diante, é a responsável por grande parte das frustrações pós-pleito, afinal, no jogo da política, se você não ganha, você perde.
Nessa disputa, vence quem consegue não apenas impactar, mas também converter o maior número de eleitores. E, na maioria das vezes, sair de um like para um voto é um caminho tão árduo quanto evoluir de um like numa postagem de um perfil desconhecido para um casamento.
Neste momento você deve estar se perguntando: “Mas por quê?! Se a pessoa me segue e curte tudo o que eu posto, porque não vou convertê-la em voto?”
Bem, isso acontece porque é da natureza das redes sociais do universo digital que os usuários se conectem a pessoas e marcas com as quais ele ou ela têm algum tipo de afinidade.
Quando falamos de marketing político, então, as razões para um usuário podem ser várias, a exemplo de afinidade pelo conteúdo postado, necessidade de fiscalização, admiração entre muitos outros – além daqueles que entram só para fazer oposição, claro!
Por isso, não se engane. Você não é o único político que o seu eleitor segue, especialmente quando falamos de eleições proporcionais.
O engano da bolha
Dia após dia, postagem após postagem, o candidato constrói uma rede de apoiadores. Um público que passa a interagir e engajar nas redes sociais formando uma bolha, ou seja, um público seleto de pessoas que, de alguma forma, possuem um vínculo com as suas ideias.
A partir daí, quando a maioria das pessoas corresponde a um número engajado de apoiadores, o debate de ideias fica comprometido e outras pessoas que estão fora dessa base perdem a oportunidade de saber o que você ou o seu cliente tem a dizer. É como aquele velho ditado que diz: “as aparências enganam”.
Agora que falamos de como as aparências das redes sociais podem causar uma grande frustração aos futuros candidatos, vamos detalhar um passo a passo para reorganizar a estratégia e fugir dos enganos da bolha de seguidores.
Diversificar é a palavra de ordem
Lamento dizer, mas não há como fugir da bolha. A única alternativa é diversificar as diversas bolhas que o seu perfil pode alcançar, e eu vou te explicar como e por quê.
Desde as eleições de 2008, quando o então candidato à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, abraçou o poder das mídias sociais para construir uma campanha de sucesso, o marketing digital especializado vem se tornando uma peça fundamental nas estratégias de marketing político.
Mais de 12 anos se passaram desde que este marco do marketing político mundial aconteceu e, a cada nova eleição, especialmente aqui no Brasil, podemos vivenciar a força das redes sociais – seja durante ou nos períodos entre as campanhas.
Para lançar mão das técnicas utilizadas pelos grandes líderes mundiais é preciso desenvolver um projeto de governo minimamente organizado. A partir das propostas principais é possível desdobrar os seus impactos e multiplicar as formas como podemos abordar determinada ação proposta.
Começar a segmentar o público através de uma estratégia focada nas diferentes mídias sociais como Facebook, YouTube, Twitter, whatsapp, tiktok e outras redes de nicho pode ser um bom início.
Conheça o eleitor como a ti mesmo
Aprender a dialogar com diferentes públicos é um passo essencial para iniciar o processo de segmentação, fazendo com que uma mesma proposta atinja o maior número de pessoas possível.
A última eleição para presidente nos Estados Unidos (2020), da qual o republicano Joe Biden saiu vencedor, foi marcada por uma forte segmentação de conteúdo por parte dos dois candidatos. Na plataforma do Facebook Ads, por exemplo, é possível atingir grupos específicos, baseados em regiões, etnias, interesses, grau de escolaridade, entre outros.
Já no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro, eleito em 2018, baseou seu projeto de governo na segmentação com base em dados como uma forma de entender melhor o eleitorado e criar uma campanha ancorada na análise de dados.
Agora que você já sabe que o seu perfil – ou o perfil do seu cliente – pode estar, inevitavelmente, preso em uma bolha de apoiadores e que o melhor caminho é a diversificação de públicos, invista na coleta de dados e trace um perfil dos seus seguidores. Associe o discurso à linguagem de cada plataforma de rede social (Facebook, Twitter, Instagram…) e finalize respondendo aos comentários que surgirem, afinal, não seria nada favorável deixar os seus futuros eleitores falando sozinhos, não é mesmo?
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