Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Política

BRASIL: CHEGA DE IDEOLOGIZAÇÃO


03/11/2022

Aos vencedores e perdedores na eleição presidencial impõe-se uma clara verdade primordial: Para além das ideologias, o Brasil carece de ações objetivas exequíveis para resolver os cruciais entraves históricos ao desenvolvimento nacional:

  • Modernizar e complementar a infraestrutura e os serviços básicos,
  • Universalizar a educação básica de qualidade;
  • Avançar na produção e domínio científico-tecnológico relevante;
  • Eficiência, qualidade e contemporaneidade do setor produtivo;
  • Superar o subdesenvolvimento do Nordeste.

As velhas ideologias não ajudam em nada nesse sentido. Urge desanuviar os espíritos e mentes entorpecidos pelo ópio ideológico que paralisa as energias criativas e inovadoras do futuro promissor da Nação.

No Brasil, trava-se uma discussão retórica estéril, sem fim, sobre ideologias de direita e esquerda, com enorme desperdício de forças sociais, políticas e econômicas. Os ideólogos não sabem bem o que são os débeis e extemporâneos saberes que professam.

Muitos desses atores, aprimorando o intelecto científico-filosófico, mudarão à posição oposta!… No fundo, as ideologias são “ouro dos tolos” usado para criar massas fundamentalistas com vistas à conquista de poder pessoal e de partidos políticos, não raro autocráticos!

As pregações político-ideológicas de direita e esquerda no Brasil e no mundo, cada uma a seu modo, prometem o paraíso. As realizações efetivas estão muito longe disso. Mas os seus adeptos continuam com os seus velhos e requentados chavões.

Para a direita, as sociedades guiadas pelas ideias liberais seriam a expressão da justiça, liberdade e racionalidade humana. Isso é ou tende a ser irreal, um tanto mais no Brasil: a liberdade com capacidade de agir é privilégio de poucos, e não um direito de todos…

Para a esquerda, o socialismo seria a síntese da prática de políticas libertadoras da submissão e exploração econômica das pessoas. Na realidade não foi assim, na Rússia, China, Cuba, etc. Criaram-se ditaduras ditas do proletariado e não democracias sociais.

O presidente Lula, recém-eleito para o período 2023-26, receberá o país com recessão, baixos salários reais e altas taxas de desemprego (9%), juro básico (14%), inflação (7%), déficit fiscal (1,5% do PIB).

A solução exige que o país tenha o plano de desenvolvimento que lhe falta há décadas. Dois objetivos se impõem: a) ao setor público: planejamento, coordenação e fomento e b) ao setor privado: elevar sistematicamente as forças produtivas da sociedade.

Estado e sociedade devem protagonizar a ideologia das ações eficientes para: a) o bem estar-estar social: educação, saúde, transporte, salário, emprego, b) a sustentabilidade ambiental: energia limpa, desestímulos ao consu­mo e produção predatórios da natureza e c) a preservação do patrimônio histórico-cultural do país.


O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //