Anne Nunes

Jornalista e Gestora de Redes Sociais.

Política

Bilionários, espaço e pobreza


22/07/2021

(Foto: Banco de imagens Pixabay)

Gosto sempre de apreciar a vista pela minha janela de casa. Ouço o canto dos pássaros, vejo a vida acontecer, sinto o vento no rosto. Quase sempre é uma vista deslumbrante e uma sensação única. Quase. Porque no meio disso tudo, vejo famílias inteiras catando lixo, pedindo algum tipo de ajuda. Seus olhos marejados e expressões de tristeza denotam uma vida sofrida, repleta de ausência de direitos. Não há o básico. Não há acolhimento dos que são eleitos para executar essa responsabilidade.

Algo paradoxal ocorre quando nos deparamos com a nossa “pequenez” diante do Universo. Mas algumas pessoas precisam atestar isso da forma mais mesquinha possível. Há mais de um ano a pandemia da covid-19 nos atinge de diferentes formas. Mas uma muito perceptível é o aumento avassalador das desigualdades sociais, uma das faces mais sórdidas da humanidade. E toda essa complexa teia social esbarra na falta de empatia dos “humanos” que vivem no topo da pirâmide.

Um deles é Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, detentor de uma fortuna estimada em US$ 200 bilhões. O empresário escolheu gastar sua abundância no espaço sideral, ao lado de mais três tripulantes igualmente ricos. A viagem acontece dez dias após outro ricaço, Richard Branson, apreciar uma excursão peculiar, fora da Terra. O turismo extra vip já está na programação de outros seletos grupos que ignoram – todos os dias – às mazelas terrestres.

Vivemos no mesmo mundo? Sim, o Sol nasce e se põe para todos. Entretanto, 780 milhões de pessoas passam fome e vivem com menos de U$$ 1,90 por dia, caminhando desnorteados em busca de um prato de comida ou qualquer coisa que possa saciar o seu estado de miséria. Nesses tempos de contemplação do espaço, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, caso não sejam tomadas ações drásticas, eficientes e rápidas, cerca de 167 milhões de crianças vão viver na extrema pobreza até 2030. É esse o futuro que estamos construindo? Certamente sim, cada vez mais nebuloso e desumano. Estamos aprisionados em uma promissora concentração de renda. Alguns, no entanto, acompanham do camarote espacial.


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